A live transmitida pelo canal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), no Instagram @creapernambuco, trouxe para o Terça no Crea, um tema que permeia a vida de pessoas no mundo inteiro. A apresentação sobre “Teste Rápido Covid-19: Inovação com Engenheiros Biomédicos da UFPE” foi feita pelo engenheiro doutor em Engenharia Elétrica Wellington Pinheiro. O convidado trouxe informações sobre pesquisa que foi desenvolvida com o objetivo de, por meio da criação de um teste rápido, saber das condições de saúde das pessoas de forma mais precoce para que o tratamento seja menos agressivo e seja possível evitar mais óbitos pelo novo coronavírus.
Atuando como um dos coordenadores do projeto, Wellington Pinheiro explicou que a ideia foi desenvolvida a partir de um trabalho de pesquisa e inovação desenvolvido por engenheiros biomédicos, pesquisadores e estudantes da graduação e pós-graduação da UFPE. A finalidade: testagem rápida e em grande escala para diagnóstico da Covid-19.
“Quando iniciamos o projeto havia em todo o mundo uma grande confusão sobre os meios mais rápidos para a testagem da doença. Achávamos que a observação das variáveis encontradas no RX pudesse nos ajudar, mas logo entendemos que não teríamos como fazer essa observação de forma segura como o resultado dado a partir do RTPCR, que é feito com a coleta de amostra do muco da narina. O Brasil começou a testar muito tardiamente e ainda não está testando bem. Se a nossa observação fosse feita a partir da respiração teríamos informações inconclusivas por que a maior parte das pessoas não sabe respirar e poucas utilizam os 100% da capacidade pulmonar”, detalhou.
A verificação de que a Covid-19 causa trombose revelou que ela não é uma doença pulmonar, mas sim do sangue, afirmou. A partir desse ponto o grupo de pesquisa fez a correlação de sintomas com exames de sangue alterados, os pesquisadores poderiam utilizar os exames que já são realizados nos pacientes com sintomas da doença. “Os exames de sangue poderiam ajudar como uma alternativa simples, rápida e barata, já que são realizados nos pacientes com sintomas da doença nos hospitais públicos, privados e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)”, destacou.
A análise desses exames foi possível graças ao acesso ao banco de dados de pacientes do Hospital Albert Einstein de São Paulo que disponibilizou as informações para o desenvolvimento de várias pesquisas, conforme Wellington Pinheiro. A partir daí criamos o software para diagnóstico médico, batizado de Heg.IA.
De acordo com o palestrante a partir desse ponto, foi possível começar a testagem do Heg.IA, com a ajuda de máquinas inteligentes e da inteligência artificial. O experimento possibilitou a realização de um exame que, no laudo consta informações sobre se é Covid-19 ou não, o percentual de probabilidades, além de sugeri internações em UTI, em unidade semi-intensivas ou tratamento domiciliar com isolamento. Segundo o palestrante “É possível obter resultados em uma ou duas horas com alta taxa de acerto, acurácia de 96,89%, especificidade de 0,9214, e sensibilidade de 0,9365”, disse
O presidente do Crea-PE, Evandro Alencar, perguntou ao convidado, se os testes já estavam em sendo utilizados, ao que Wellington respondeu que a partir de um convênio com a prefeitura, o software está sendo testado há três semanas em hospitais e UPAs do município de Paudalho.
Explicando ainda o funcionamento do teste o engenheiro disse que só é eficiente se utilizado em pacientes com pelo menos dois sintomas da doença. O fato fez com que o grupo continue pesquisando para que o programa possa fazer a testagem em pacientes assintomáticos.
O palestrante confirmou que os casos de contaminação diminuíram, assim como o de óbitos, mas isso não significa que contrair a doença seja um fato de pouca importância.
Alencar quis saber qual o objetivo da testagem rápida para uma doença que não tem tratamento. Para responder à pergunta ele explicou que como a doença evolui até a indução do paciente ao coma com respiração mecânica por meio de tubo que passa pela traqueia chegando à porta do pulmão, podendo levar o doente à morte, a testagem pode ajudar no tratamento precoce havendo imediata intervenção medicamentosa para regular, por exemplo, a oxigenação sanguínea do paciente.
Para o doutor, o ideal é que tenhamos a nossa própria vacina, uma vez que a Covid-19 não vai acabar e que vamos conviver com ela assim como convivemos com a H1N1.
Sobre formas de ajudar as pesquisas, Pinheiro falou da importância do cidadão repassar dados do RTPCR e dos exames de sangue. Financeiramente, a ajuda chegará até eles por meio da Fundação de Apoio da UFPE.
Além de aproveitar para divulgar como as pessoas e empresas podem ajudar nas pesquisas, o presidente Evandro Alencar se comprometeu de avaliar como poderá ajudar com a participação dos profissionais que atuam no Conselho.
“Um hospital funciona como uma cidade. Necessita do trabalho de engenheiros das diversas áreas. Mas, para que tenhamos um mercado promissor é necessário o resgate do desenvolvimento industrial. Mesmo após a pandemia, o setor de saúde não para. Olhem com carinho os diversos nichos que se abrem, por exemplo, para empresas de Engenharia Clínica que são muito poucas”, aconselhou o engenheiro.
Numa live instigante do ponto de vista da curiosidade do que estamos fazendo para ajudar os brasileiros nesse momento difícil, a uma hora de transmissão passou rapidamente e, como sempre ocorre, possibilitou aos profissionais, estudantes e pessoas que não fazem parte do Sistema acumular conhecimento e contribuir para a valorização dos profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências.
Projetos
Antes de entrar no tema da live, Wellington Pinheiro falou um pouco de dois importantes projetos que estão sendo desenvolvidos pelos grupos do Departamento de Computação Biomédica da UFPE. Um deles tem como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de mama. Nesse sentido, a tecnologia alternativa utilizada é um exame chamado termografia. No que se refere a Neurociência, explicou que estão sendo desenvolvidas tecnologias capazes de diagnosticar e tratar a epilepsia. Assim como, ajudar também no tratamento de pacientes de Parkinson, Alzheimer e outras doenças neurológicas.
Para o palestrante o uso da inteligência artificial e computacional são capazes de contribuir para o diagnóstico de muitas doenças ainda no início possibilitando sempre melhor prognóstico.