Ex-bolsistas da Agência de Cooperação Internacional do Japão relataram no Crea-PE a experiência no programa e a aplicação dos métodos em Bezerros (PE) e Mundo Novo (BA)
Os municípios de Bezerros, em Pernambuco, e Mundo Novo, na Bahia, estão realizando experiências na gestão de resíduos sólidos, baseadas em métodos japoneses. Os projetos foram implantados como resultado do intercâmbio realizado pela arquiteta e urbanista Juliete Galvão e pelo mestre em Engenharia Química e bacharel em Engenharia Ambiental, Marco Aurélio Ribeiro, como bolsistas na Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), entre julho de 2021 e março de 2022.
Marco Ribeiro e Juliete Galvão falaram da experiência como intercambistas e a prática nos municípios durante a palestra “A questão dos resíduos sólidos: Brasil e Japão”, nesta quarta-feira (9), no auditório da sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE). O objetivo do encontro é replicar a experiência na Jika para profissionais ligados às áreas de meio ambiente e sustentabilidade.
O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, presente na mesa de abertura, ressaltou a importância da democratização das informações e do debate com a sociedade. “O intercâmbio do conhecimento não tem fronteiras. Precisamos olhar para todos que trabalham com resíduos como pessoas especiais, capacitadas. O catador de lixo realiza uma atividade importante”, afirmou. “Sustentabilidade, reutilização e reaproveitamento devem estar em cada modalidade das engenharias”, completou o superintendente Técnico, Nielsen Christianni, também presente no evento.
Marco Ribeiro apresentou o projeto acelerado de compostagem, com a metodologia Takakura, que está sendo replicado em Bezerros, onde ele é gerente de Meio Ambiente da Prefeitura. O processo de compostagem acelerada é um case de sucesso na Índia, onde houve uma redução de 30% dos resíduos na localidade onde foi implantado o método, que tem custo e tempo de execução menores que o tradicional. Em Bezerros, foram realizadas oficinas de compostagem nas escolas condomínios e novos bairros residenciais.
No município de Mundo Novo, onde trabalha como assessora de Projetos da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, Juliete Galvão implantou o método Fukuoka na gestão de resíduos sólidos no município. O projeto original foi executado em uma cidade vietnamita, onde havia um lixão a céu aberto, que foi transformado em aterro sanitário. Em Mundo Novo já foram realizadas ações de educação ambiental nas escolas, de coleta e reciclagem, além da implantação de quatro ecopontos, com uso de materiais simples e a baixo custo.
O representante da Jika no Brasil, Issei Aoki, que participou de forma remota, disse que o programa de treinamento, que completou 60 anos, é uma oportunidade de os bolsistas terem contato com a cultura japonesa. Vice-presidente da Associação Nordestina dos Estudantes Bolsistas no Japão (ANBEJ), Valdir Luna, explicou que os brasileiros podem submeter seus projetos ao Jica, levando seus problemas locais para serem discutidos em grupo composto por pessoas de vários países. A contrapartida é a difusão dos conhecimentos e técnicas e a replicação nas suas cidades.