Movimento, que tem prioridade atual a defesa do Metrô do Recife, será lançado na próxima quinta-feira, às 10h, no auditório do Edifício Sede – Estação Werneck
O Fórum Permanente de Discussão pela Mobilidade, com enfoque na defesa do Metrô do Recife, já tem data para ser lançado: na próxima quinta-feira (26), às 10h, no auditório do Edifício Sede – Estação Werneck. O movimento é o resultado das reuniões entre o Crea-PE e o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, com a participação de entidades de classe.
“Vamos sair do nosso comodismo, da nossa cadeira. Eu disputei a eleição do Crea exatamente para isso. Para sair do comodismo, porque entendi que o Crea era para ter um papel diferente, diferente da omissão. Os problemas existem porque a gente não ocupa os nossos espaços”, conclamou o presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, na reunião realizada no final da tarde desta quarta-feira (18).
O encontro, com cerca de 40 participantes e quase duas horas de duração, foi resultado de uma primeira reunião entre Lucena e o presidente do sindicato, Luiz Soares, além de representantes do Crea-PE e integrantes do corpo técnico do Metrô Recife. A proposta era trazer mais entidades para a discussão em busca de alternativas viáveis para o metrô, na defesa de uma empresa pública forte, com serviço de qualidade à população.
“Quais as entidades que a gente pode trazer mais para o debate? Temos que fazer agora um evento com as portas abertas. Para a sociedade, mas com a sociedade . A gente tem que ir atrás daquelas comunidades por onde o trem cruza, passa e leva esses trabalhadores e estudantes”, propôs Lucena para o lançamento do Fórum Permanente.
Ele justifica a presença da sociedade para que se possa passar a eles as informações que eles não têm. “Responder aos usuários que pensam que para ter um serviço melhor é preciso privatizar porque foram essas informações que eles receberam. Então temos que dar as informações de forma diferente, de forma verdadeira. A gente tem que ser verdadeiro, extremamente técnico”, pontua o presidente do Crea-PE.
Lucena ainda destaca: “nossa posição tem que ser política. Como a gente vai envolver agora os nossos deputados, senadores, vereadores? Porque o metrô chega em Camaragibe, chega em Jaboatão. É momento de unir todo o mundo, de buscar maximizar esse esforço em prol de uma causa maior, com um objetivo muito maior”, defende.
A ideia é trazer de volta o Metrô do Recife ao debate da mobilidade. “A questão da mobilidade passa por um bom metrô. Um metrô público, eficiente que possa propiciar uma boa condução para a sociedade. Hoje a gente só ouve falar do metrô quando ele quebra. A gente conhece esse filme que é sucatear um serviço para depois querer justificar sua privatização”, atesta Mozart Bandeira, presidente do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco (Senge-PE).
Além da busca de alternativas viáveis, é preciso envolver a sociedade nessa discussão. Principalmente na desconstrução do discurso que a privatização é o melhor caminho. “Precisamos dizer para a sociedade que se for repassada uma verba suficiente para o metrô, é possível oferecer um serviço de qualidade sim para os usuários”, diz o presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, Luiz Soares, que defende a bandeira de uma tarifa social para este transporte.
“Faltam recursos. A gente precisa da sociedade organizada para buscar essas verbas de custeio”, afirma Soares, que informa que são necessários R$ 300 milhões, por ano, para o custeio da empresa, mas o Governo Federal envia 30% do que é solicitado pelo Metrô do Recife.
Na reunião, Deco Costa, vice-presidente da Comissão Sindical da OAB-PE, colocou a entidade à disposição do movimento. “Do ponto de vista técnico, de parecer e de suporte, principalmente na mobilização do enfrentamento dessa crise”, afirmou Costa. Suely Mangabeira, representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE), reforça que é necessário trazer a população a favor da causa.
A percepção de que o sucateamento e aumento das passagens são medidas intencionais para induzir a sociedade a defender a privatização foi um consenso nas falas feitas na reunião. Entre as entidades presentes, estiveram o Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco, o Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, a Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste, Clube de Engenharia e União dos Estudantes. Ao final do encontro foi lido o “Manifesto em Defesa do Metrô Público, um posicionamento de profissionais técnicos e entidades”, pela arquiteta Mônica Holanda, integrante do corpo técnico do metrô.
O manifesto destaca: “o metrô é um serviço de transporte coletivo de massa, assim, tem como premissa a prática de tarifas módicas, acessíveis ao grande público, sobretudo de trabalhadores. Para que isso seja possível, o metrô deve ser desacoplado da busca incessante por eficiência econômico-financeira, para que de fato seja público por excelência.”