Em sua palestra sobre “Os desafios de energia para a sustentabilidade global”, o chefe de Capacitação em Ciência e Engenharia da Unesco, Osman Benchikh, defendeu a mudança de paradigma de energia, o que requer ações inovadoras focadas nas fontes locais de energia. “O transporte e o armazenamento de energia são os grandes desafios da atualidade. A energia mais apropriada talvez seja a que resolva esses dois desafios e que esteja disponível localmente, como a energia solar”, exemplificou. Osman é um dos palestrantes da Conferência Internacional Água e Energia – Novas Abordagens Sustentáveis, promovida pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
Quanto ao acesso à energia, Osman defende que o desenvolvimento humano está atrelado à questão energética. Ele apresentou dados que mostram que 75% dos africanos não têm acesso à eletricidade e isso compromete o desenvolvimento. “Eles têm potencial de energia solar, parece que esse continente, que tem a menor taxa de acesso à energia, é abençoado com a energia solar. E a solução pode estar aí”, sinalizou. Ele também pondera que, em geral, o gasto público é muito baixo e isso pode estar relacionado com o baixo acesso à energia elétrica.
Sobre os custos da energia, o palestrante falou sobre o custo mais acessível da energia convencional, mas que para o meio ambiente é alto. “As soluções de energias renováveis têm um custo individual mais caro, mas em termos ambientais são mais interessantes”, ponderou. Ele também defendeu o microfinanciamento como uma das soluções para as populações rurais e mais pobres.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Ary Mergulhão abriu os trabalhos da Conferência Internacional Água e Energia – Novas Abordagens Sustentáveis. Em sua apresentação, Mergulhão destacou a importância do evento para fomentar o Fórum Social Mundial da Água, em 2018. “Água e Energia, tema do evento, são a base, o pilar para a nossa vida. É importante para redução de pobreza, geração de riqueza, produção de alimentos”.
Mergulhão ponderou que pelo aumento populacional, aceleração da produção econômica, sendo a agricultura a atividade econômica que mais utiliza água, é preciso mensurar essa demanda. “Nosso padrão de consumo, a maioria não sustentável, requer uma revisão de posturas. Além da necessidade de planejamento, que é fundamental para tratar desse tema”, disse o representante da Unesco.
Ary ainda falou dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU e que devem ser implementados por todos os países do mundo até 2030. “Água não respeita fronteiras políticas, por isso a noção de compartilhamento entre países é tão importante”, defendeu Mergulhão. Segundo ele, “mesmo conhecendo e sabendo da importância da água para a vida, ainda hoje temos 1 milhão e 800 pessoas com acesso restrito à água de qualidade.”
Sobre a Conferência
Durante a conferência também serão formalizadas as contribuições da Engenharia sobre o desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias sustentáveis nas áreas de água, energia e saneamento. Os resultados serão apresentados no 8º Fórum Mundial da Água, que será promovido em março de 2018, também na capital.
O evento está sendo realizado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) até sexta-feira (29), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB).
No período da tarde, especialistas prosseguiram com as palestras.