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Polêmica à vista em debate sobre viadutos

A construção de quatro viadutos sobre a Avenida Agamenon Magalhães, principal corredor viário do Recife, pensada e projetada pelo governo do Estado, vai ser detalhada e apresentada, amanhã, durante audiência pública provocada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Mesmo tardia, já que o edital de licitação das obras está nas ruas desde o início do mês, a audiência deverá reunir muita gente contra e a favor do projeto, que tem gerado polêmica desde seu anúncio, em agosto do ano passado. A expectativa é que a discussão seja intensa. A previsão do MPPE é que o encontro dure o dia inteiro, começando às 9h, no auditório do Banco Central, localizado na Rua da Aurora, bairro de Santo Amaro.

Conforme o projeto do governo do Estado, quatro viadutos serão construídos nos mais complicados entroncamentos da Avenida Agamenon Magalhães, e cruzarão a via, por onde passam cerca de 100 mil veículos diariamente. Os elevados custarão R$ 132 milhões, dos quais R$ 35 milhões serão gastos com a desapropriação de 31 imóveis. A construção deveria começar no segundo semestre e levar 18 meses.

Entre os argumentos favoráveis ao projeto, apresentados pela Secretaria das Cidades, está o fato de que os viadutos estão sendo erguidos para dar passagem a um dos eixos do Corredor Norte-Sul, que será operado por BRTs (Bus Rapid Transit), veículos de alta capacidade de transporte de passageiros, geralmente articulados ou biarticulados, que precisam de espaço e velocidade para operar.

Em posicionamentos anteriores em defesa dos elevados, o secretário Danilo Cabral e o governador Eduardo Campos chegaram a afirmar que a velocidade média na Agamenon Magalhães aumentará 50%. De 5 km/h para 18 km/h no sentido Olinda-Recife e de 7 km/h para 40 km/h na direção contrária. A reportagem tentou entrevistar um representante da Secretaria das Cidades sobre a participação na audiência, mas não teve retorno.

Para o MPPE, o projeto ainda é um mistério, embora já esteja sendo licitado. Por isso a necessidade de realizar audiência pública. A promotora do Meio Ambiente, Belize Câmara, reconhece que o tempo é curto, mas que é preciso discutir assim mesmo. “A impressão que nós temos é de que o projeto está sendo imposto pelo Estado, sem ser discutido com a sociedade civil. Não há estudos de impacto ambiental e urbanístico e, pelo que sabemos, a proposta foi desenvolvida pelos empresários de ônibus, visando apenas o benefício ao transporte público. É preciso considerar todos os aspectos”, disse.

Da audiência, a promotora esperar tirar algumas conclusões. “Nós podemos nos colocar contra ou a favor do projeto. Mesmo sendo a favor, podemos exigir a realização de estudos de impacto e cobrar ações mitigadoras. No caso de sermos contra, ainda temos tempo suficiente para acionar a Justiça e embargar a futura obra”, afirmou. Para quem é contrário à construção dos viadutos, os argumentos são muitos: de que os elevados são soluções temporárias para o trânsito, que os ganhos para o transporte público poderiam ser alcançados com o corredor de ônibus ao lado do canteiro central e que a construção dos elevados vai criar grandes áreas abandonadas ao longo da via.


Fonte: Caderno Cidades – JC – edição de 29.03.2012

 

 

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