Especialistas abordaram o tema no Seminário Inovação na Gestão, Tratamento e Valorização dos Resíduos, que reuniu profissionais da área e interessados no assunto no auditório do Conselho nesta quarta-feira (25)
Especialistas em resíduos sólidos abordaram nesta quarta-feira o panorama do setor, com a situação dos lixões e a solução dos aterros sanitários. Os temas foram debatidos no Seminário de Inovação na Gestão e Valorização de Resíduos, nessa quarta-feira, no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco. O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-PE), com apoio do Crea-PE.
O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, que participou da mesa de abertura, disse que o evento é uma oportunidade de trocas de informações, e que contribui para fortalecer a engenharia. “O Crea-PE é um instrumento de transformação, para que a sociedade possa colher bons frutos”, ressaltou. Lucena lembrou ainda das primeiras discussões sobre geração de energia a partir do lixo, uma semente plantada ainda na universidade.
Pernambuco tem hoje apenas cinco lixões a céu aberto, mas a meta, segundo a CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos), é encerrar todos eles em 2023. O objetivo da instituição é iniciar o processo de recuperação dessas áreas, de maneira sustentável e inclusiva.
Para o presidente da Abes-PE (Associação Brasileira de Engenharia e Sanitária e Ambiental), Cristiano Silva, há uma necessidade de mudança na visão sobre o tratamento dos resíduos sólidos, com foco na sustentabilidade e esse é o desafio para gestores e profissionais. O secretário de Meio Ambiente do Recife, Carlos Ribeiro, falou das soluções que o município vem implantando no tratamento de resíduos e reaproveitamento dos resíduos.
Também participaram da mesa de abertura representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE, Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco e do Distrito Federal e Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e CPRH.
Lixões
O Brasil ainda tem 2,7 mil lixões em atividade, gera 82,5 milhões de toneladas de resíduos e somente 25% dos municípios fazem coleta seletiva. Os dados foram apresentados pelo professor da Universidade Federal de Pernambucanas (UFPE) Fernando Jucá, que fez a palestra “Inovação na Gestão dos Resíduos” no primeiro painel do seminário.
Fernando Jucá destacou o grande volume de produção de gás carbônico que pode ser produzido a partir do processo de reciclagem e aproveitamento. O professor mostrou a gestão de informações e os estudos de sustentabilidade e inovação no setor de resíduos sólidos. Apresentou ainda experiências de coleta seletiva na Paraíba, Distrito Federal e Piauí.
A apresentação foi seguida por um debate, mediado por Pedro Teixeira, do Tribunal de Contas da União (TCU). Teixeira falou da situação de reciclagem nos municípios brasileiros e destacou o potencial econômico da atividade. Disse ainda que o processo de reciclagem tem custo alto, mas o passivo ambiental decorrente será muito maior se não houver investimentos.
Os debatedores trouxeram experiências em suas áreas. Sérgio Pinheiro, da Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, apresentou o aterro sanitário de Mossoró. Neiber Silva, da Vital Engenharia, falou sobre os projetos executados pela empresa, como o carro movido a biometano, obtido da reciclagem; e Fábio Lopes, da Empesa, abordou as unidades de compostagem e beneficiamento de resíduos e biogás.
Valter Plácido Teixeira, diretor da Lavoro, ressaltou a necessidade da inclusão da gestão dos resíduos em seus orçamentos e de dar segurança jurídica aos investidores. Para finalizar o debate, Bertrand Sampaio de Alencar, assessor da Presidência do Crea-PE, destacou que os municípios grandes estão resolvendo o problema dos lixões, mas os pequenos precisam de apoio para enfrentar a questão do tratamento dos resíduos sólidos.
Aterros
Os benefícios dos aterros sanitários em comparação com os lixões, aspectos técnicos e subprodutos, como o chorume, foram apresentados pelo engenheiro Marcelo Bevenuto, da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos (ABLP), no segundo painel do seminário. A palestra “Projeto, drenagem, controle, monitoramento e tratamento do chorume de aterros sanitários” foi seguida de debate, com moderação de Alysson Mattje, do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE-SC). Participaram como debatedores Breno Lobo, da Mega Mak Gestão Ambiental; Luis Marinheiro, da AST Ambiente; Glauber Nobrega, da CTR Potiguar e Cristiano Silva, da Abes-PE.
Santa Catarina já conseguiu encerrar todos os lixões. Segundo Alysson Mattje, todos os municípios usam aterros sanitários, na grande maioria privados. Breno Lobo falou da importância da fiscalização dos aterros e encerramento dos lixões. Já Nóbrega apresentou a atuação e experiência da empresa na produção de chorume no aterro sanitário localizado no Rio Grande do Norte.
Luis Marinheiro abordou o tratamento avançado do chorume de aterros sanitários urbanos e industriais pela AST e a tecnologia envolvida. O seminário foi encerrado por Cristiano Silva, que levantou a existência de outros tipos de resíduos, como o necrochorume, que precisam de tratamento mais específico e controle.
Nielsen Christianni, superintendente Técnico e de Gestão do Crea-PE, encerrou o seminário destacando a importância do debate. Disse ainda que o Crea-PE acredita na engenharia, na agronomia e na geociências que o Crea-PE que possam transformar a sociedade.
O seminário continua nesta quinta-feira (26) com uma visita técnica ao aterro sanitário municipal de Ipojuca.