Na data em que é comemorado o Dia do Engenheiro Cartógrafo e Agrimensor, 6 de maio, o presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafo e de Agrimensura de Pernambuco (Abeca-PE), Erison Rosa de Barros, diz que um dos grandes desafios da categoria é tornar a profissão mais conhecida pela sociedade. Antes, privativa das forças armadas, a modalidade ainda tem pouca visibilidade entre os jovens e a sociedade civil.
Segundo o presidente da Abeca, que também é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e vice-chefe do Departamento de Engenharia Cartográfica, a categoria presta importantes serviços à sociedade. “Por meio da aprovação da Lei nº 10.267/2001, conhecida como a Lei de Georreferenciamento de Imóveis Rurais, os profissionais atuam em uma gama de atividades relevantes, como a implantação do Sistema de Gestão Territorial (Sinter), que possibilitou criar uma base cadastral única sobre o direito territorial das propriedades urbanas e rurais”, contextualiza Erison Rosa.
Também graças ao trabalho dos cartógrafos, há o desenvolvimento do trabalho de recepção, validação, organização, regularização e disponibilização das informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais, geradas pelo Sistema de Gestão Fundiária (Singef), que é um programa do Governo Federal, criado com o objetivo mapear as propriedades rurais existentes no território nacional. Ainda graças ao trabalho desses profissionais é feito o Cadastro de Imóveis Brasileiros (CIB).
Erison destaca que a cartografia viabiliza a aplicação da Lei de Regulamentação Fundiária Urbana (Reurb), por meio da qual é possível flexibilizar a regularização das propriedades, facilitar o acesso aos financiamentos e empréstimos para aquisição de terras, auxiliar no planejamento das cidades e na elaboração dos Planos Diretores, na aplicação da lei de uso e ocupação do solo, na atividade de parcelamento do solo, além de ser imprescindível na demarcação das terras indígenas, quilombolas e terras civil e militar.
O presidente da Abeca-PE lembrou do importante papel desta a atividade profissional, durante o período da pandemia do COVID-19, com a geração de mapas, cartas e infográficos para atender a demandas da sociedade e dos gestores federais, estaduais e municipais na tomada de decisão. Ele destaca também, como desafios da atividade do engenheiro cartógrafo, o aperfeiçoamento de inovações tecnológicas para gestão e planejamento do território e a necessidade de buscar alternativas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. A cartografia é e será a ferramenta para o desenvolvimento do país e de nosso estado”, ressaltou Erison Barros.
A engenheira cartógrafa Simone Sato que atua na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que trabalha na área de mapeamento e fotogrametria, mas explica que a profissão envolve outras ações relativas ao mapeamento ambiental, de riscos, topografia industrial, alimentação dos sistemas de informações geográficas para gerar análises espaciais e simulações relativas aos espaços territoriais do solo.
Mercado e atividades
No depoimento que fez sobre a data, a engenheira Andréa Carneiro disse ser muito realizada com a profissão que escolheu. Encorajou estudantes a ingressarem na carreira justificando que, atualmente há grande demanda, uma vez que, segundo a cartógrafa, a informação territorial faz parte de toda atividade humana. Por fim, parabenizou os colegas pela passagem da data.
O diretor da Abeca, engenheiro cartógrafo Gabriel Santos, atua na gerência de Projetos de Engenharia da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), apoiando na concepção dos projetos de água e de esgoto, além da elaboração de orçamentos, nas atividades relativas à cartografia. Para desenvolver a atividade, o engenheiro diz que realiza trabalho de campo, com levantamento topográfico, geodésico e aerofotogramétrico e interno, realizando o processamento dos dados. Também cabe a ele fiscalizar os serviços, fazendo a checagem da qualidade e segurança do produto, garantindo a aplicação das normas legais que dispõem sobre os serviços cartográficos, entre outros. “Com isso é possível verificar como é abrangente a nossa área de atuação e também a importância da nossa profissão. Desejo a todos parabéns pelo Dia do Engenheiro Cartográfico”, ressalta Santos.
Quanto ao mercado de georreferenciamento no Brasil, o analista do Incra-BA, engenheiro cartógrafo Miguel Neto, destaca o potencial da atividade especialmente em imóveis urbanos e rurais, mas destaca a importância de estar antenado às novas tecnologias, já que, além de competitivo, o mercado requer agilidade na execução das atividades.
Parabenizando os cartógrafos e agrimensores pela data, o engenheiro Roberto Quirino enfatizou a importância da atividade no âmbito municipal, estadual e federal para o desenvolvimento da nação, especialmente no Incra onde trabalha, com a regularização fundiária e gerenciamento do território rural brasileiro. Falou do bom momento dos profissionais que estão sendo absorvidos pelo mercado, inclusive pela iniciativa privada. Concluindo a sua fala, Quirino agradeceu a atual gestão do Conselho por atuar fortalecendo e valorizando a profissão.
A profissão foi regulamentada no dia 1º de dezembro de 2017, quando foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução Nº 1.095, que discrimina as atividades e competências profissionais do engenheiro agrimensor e cartógrafo e insere o respectivo título na Tabela de Títulos Profissionais do Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional.