Crea-PE

O Crea Convida destaca a gestão dos resíduos da construção e demolição

O debate acontece nesta terça-feira (17), às 19h, com o enfoque no impacto do descarte incorreto e alternativas para o reuso de entulhos como matéria-prima

O descarte correto do lixo infelizmente não é uma prática comum na vida dos brasileiros. E na construção civil não é diferente. O impacto dessas irregularidades vai desde a esfera ambiental, social, passando pela econômica. Para debater o tema, o Crea Convida desta terça-feira (17) será sobre “A gestão dos resíduos da construção e demolição”.

O assunto será abordado pelo coordenador da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), o administrador Levi Torres. Ele destaca que, infelizmente, esse comportamento faz parte da cultura da sociedade. Na construção civil, o descarte é de responsabilidade das obras. Ao fazer de forma irregular, causa prejuízos ao poder público, que precisa recolher o material, arcando com um custo que não é de sua competência diretamente.

Segundo Levi Torres, o Rio Ipojuca recebe cerca de 40 caminhões de lixo irregular por dia. Um comportamento que precisa ser revisto urgentemente. Por isso, a Abrecon faz um trabalho de conscientização forte com os engenheiros das obras. Muitos deles optam por não ter essa despesa extra e apelam para o descarte sem seguir os critérios corretos. Torres admite que é uma luta árdua de conscientização que leva tempo para ter efeitos práticos. “Não vamos conseguir mudar isso em um mês, dois meses, um ano. É um trabalho contínuo”, afirma o coordenador da Abrecon.

O descarte correto tem um impacto mais positivo do que se possa imaginar. Isso porque, as sobras da construção civil podem ser reaproveitadas pela própria construção civil. Quem explica isso é a engenheira civil e professora da Universidade de Pernambuco Stela Fucale, uma das debatedoras do Crea Convida. Ela faz um trabalho junto a grupos de meio ambiente desde 2006, com foco no reaproveitamento dos chamados entulhos como matéria-prima.

Para Stela, é uma discussão do meio técnico com a iniciativa do poder público, passando pela orientação de como coletar os resíduos, levar às usinas de reciclagem e ser comprado pela iniciativa privada para uso na construção civil, fechando o ciclo. Ela explica que o trabalho precisa de um foco maior nas pequenas construções, responsáveis pelo maior número de descartes irregulares.

FISCALIZAÇÃO
Na outra ponta, a fiscalização dos descartes, que fica sob a responsabilidade da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). O engenheiro civil Bruno Cabral, diretor de Limpeza Urbana da Emlub, outro participante do debate, declara que eles recebem relatórios das empresas transportadoras e dos aterros de inerte/recicladoras e fiscalizam a movimentação dos resíduos com a equipe de fiscalização.

“No Recife, temos 24 empresas transportadoras e sete aterros de inerte/recicladoras autorizados para o manejo de 33 mil toneladas/mês. As empresas enviam relatórios mensais para Emlurb tanto do material coletado (empresas transportadoras) quanto do material recebido (aterros de inerte/recicladoras)”, contabiliza Cabral.

No caso de pequenas reformas, a Prefeitura do Recife, dispõe para toda população de 10 ecoestações que recebem gratuitamente um m³/dia de resíduos da construção civil. No caso de grandes obras, a Lei Municipal 17.072/2005 criou o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Nele, é o próprio construtor que estima antecipadamente, a partir de metodologia indicada pelo município, qual é o resíduo que produzirá, como realizará a coleta, o transporte e o destino final.

Para otimizar o processo de fiscalização, a Emlurb está com um projeto que prevê que as caixas brooks, popularmente conhecida como papa metralha, receberão um TAG(placa com um chip) e os caminhões transportadores terão um GPS, onde será feito o monitoramento de gerador do resíduo, o transportador do resíduo e da destinação final.

Para Bruno Cabral, discutir “a importância da destinação correta evita o descarte indevido na nossa cidade e incentiva o reuso desses resíduos na indústria da construção civil após a reciclagem”.

O Crea Convida, um espaço para abordar e trazer ao conhecimento não só dos profissionais e empresas, mas da sociedade, com temas relevantes que têm impacto na qualidade de vida, segurança e saúde dos cidadãos, contará ainda com a presença do vice-presidente do Crea-PE, Stenio Cuentro. O evento será transmitido ao vivo pela TV Crea-PE, no YouTube, com espaço para interação com os internautas após as apresentações.

Pular para o conteúdo