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O Brasil precisa de mais engenheiros

O forte crescimento da economia brasileira nos últimos anos, distribuído por todos os estados da Federação, aumentou significativamente a demanda pelos profissionais da Engenharia. O problema – a falta de engenheiros – é notório, por um simples dado: o Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano -, um número até certo ponto ridículo, quando comparado aos da Rússia, Índia e China, 190 mil, 220 mil e 650 mil, respectivamente.

De acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), “o Brasil tem um déficit de 20 mil engenheiros por ano ? problema que tem sido agravado pela demanda por esses profissionais em decorrência das obras do PAC, do programa Minha Casa, Minha Vida, do pré-sal, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016”. Estima-se que, no Brasil, haja 600 mil engenheiros em atividade, que equivale a seis profissionais para cada mil trabalhadores, contra um índice de 25 mil nos Estados Unidos, por exemplo.

O governo federal está tentando contornar a dificuldade porque tem consciência de que, se não agir rapidamente, o Brasil vai parar ou ser forçado a importar essa mão de obra, a “toque de caixa”. Para isso, lançou o Pró-Engenharia, objetivando a “duplicar o número de engenheiros formados anualmente no país, a partir de 2016, e de reduzir a altíssima taxa de evasão que, em algumas escolas, chega a 55%”. O Pró-Engenharia também já identificou outro aspecto negativo: das 302 mil vagas oferecidas pelas escolas brasileiras de engenharia, apenas 120 mil estão preenchidas.

Acredita-se que a questão da remuneração está no centro do desinteresse dos jovens, de modo que até mesmo a concorrência e a demanda em alta têm agravado, quando deveria ocorrer o contrário. Tal empecilho, em parte poderia ser afastado, com a aprovação do Projeto de Lei nº 7.610, de 2010, de minha autoria, que determina que “as atividades desempenhadas pelas profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são consideradas exclusivas de Estado”. A medida é justa e merecida, sobretudo porque em todas as atividades inerentes ao desenvolvimento do país, é insubstituível a presença desses profissionais. A participação deles está mudando a feição do País, ao planejar e executar as mais importantes obras de transformação das cidades, no campo da hidreletricidade e na própria interiorização do progresso.

Tudo isso me leva a enfatizar a magnitude do problema, na esperança de que as grandes obras de infraestrutura em curso não sofram interrupções nem adiamentos, impensáveis para o momento histórico que vive o Brasil. Se isso viesse a acontecer, difícil seria estimarem-se os prejuízos ante os olhos da comunidade internacional, todos voltados para a luta que travamos, buscando passar definitivamente à categoria de potência mundial.

* josé chaves deputado federal (PTB-PE)

dep.josechaves@camara.gov.br

Opinião publicada no Diario de Pernambuco, no dia 29 de março de 2012.

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