Censo de profissionais deve mostrar gargalos na quantidade de mão de obra, que pode ameaçar crescimento
Os estrangeiros vêm dos países europeus, como a Espanha, dos Estados Unidos, da Ásia e da Argentina. A crise econômica freou os investimentos e provocou uma onda de desemprego nos outros continentes. Como o Brasil tem forte demanda de mão de obra e faltam profissionais no mercado, o Mdic tem recebido oferta deprofissionais qualificados do exterior. ´A carência de mão de obra ultrapassa a disponibilidade do mercado nacional e não há expectativa para formar profissionais em curto prazo`, confirma Marcos Túlio Melo, presidente do Confea.
Ele adianta que a proposta encaminhada ao Mdic tem como objetivo fazer um censo dos profissionais de engenharia e tecnologia, aproveitando a estrutura do Confea, dos Conselhos Regionais de Engenharia (Creas), do IBGE e do Ipea. O mapeamento vai permitir montar um perfil dos engenheiros com registro nos conselhos. Serão levantados dados como: formação profissional, prática de exercício da profissão, experiência, nível de especialização e se trabalha atualmente na área.
A partir do censo será identificada a carência de mão de obra e como podem ser supridas as necessidades do mercado. ´Hoje, assistimos a entrada de profissionais estrangeiros porque nos países de origem não têm emprego`, diz Melo. Segundo dados do Confea, em 2010 triplicou o registro de profissionais estrangeiros no país, de 115 processos anuais para cerca de 400.
Além da demanda quantitativa existe a falta de qualificação da mão de obra local. O presidente do Confea defende que o censo sirva de base para montar cursos de capacitação e atualização dos profissionais da área de tecnologia com a participação das universidades, escolas técnicas e das empresas. Em sua opinião, o governo deveria firmar convênios de mão dupla com esses países, para trazer cérebros que possam melhorar o nível de conhecimento.
VINCULADA
Carência nos estados
Com tanta procura a profissão de engenheiro civil está em alta. As oportunidades de trabalho surgem de todos os lados. Formado em 1997 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o engenheiro civil Waldyr Barros de Carvalho, de 56 anos, não tem do que reclamar. Ele conta que ao concluir o curso não havia mercado de trabalho para engenheiro. Vez ou outra prestava serviços para grandes e médias empresas de construção civil. Decidiu abrir uma empresa para atuar na área de reformas de imóveis.
Há dois meses ele foi contratado para assumir a obra de ampliação da fábrica da Votorantim em Maria Farinha, Paulista. ´Hoje, o mercado de trabalho está aquecido, mas os salários ainda podem melhorar por conta de demanda`. Waldyr está conciliando o emprego na construtora com as atividades da empresa. Ele conseguiu a colocação através do banco de talentos do Crea-PE.
´A carência de engenheiros é geral no país, mas em Pernambuco é maior porque o estado se transformou num canteiro de obras`, constata o presidente do Crea-PE, José Mário Cavalcanti. Ele explica que ainda é baixa a procura pelos cursos da área tecnológica nas universidades pernambucanas. A forte pressão do mercado tem puxado os salários dos engenheiros para cima.
*Fonte: Diario de Pernambuco – publicada dia 03 de fevereiro de 2011 no caderno de Economia.