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Nemaura Haji é exemplo profissional para Engenharia Agronômica

Engenheira agrônoma adotou Petrolina como lar há pouco mais de 40 anos e contribuiu para exportação de manga e uva para o mercado internacional com suas pesquisas na Embrapa Semiárido

Cearense de nascimento, cidadã do Vale do São Francisco, com títulos em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a engenheira agrônoma, pesquisadora aposentada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido, Nemaura Haji é quem pode se classificar de inspiração profissional e pessoal. Há pouco mais de quatro décadas radicada em Petrolina, veio a convite do futuro chefe, mas tinha a intenção de passar três a quatro anos pelas terras sertanejas, enquanto a unidade da Embrapa seria finalizada em Fortaleza.

Os planos de voltar para o Ceará foram totalmente alterados quando conheceu o Laboratório de Entomologia da Embrapa Semiárido. “Um novo mundo se abriu para mim”, recorda-se a engenheira agrônoma. Para ela, que estava habituada a estudar culturas como feijão, algodão, milho, o Vale do São Francisco descortinou um leque de opções que ela nem sonhava.

O encantamento deu bons frutos. Sua produção bibliográfica inclui mais de 160 trabalhos publicados entre periódicos, resumos, artigos técnicos e científicos. Para quem quiser conhecer o material, basta acessar a Base de Dados da Pesquisa Agropecuária da Embrapa e aproveitar todo o conhecimento resultado de anos de pesquisa.

A pesquisadora tem no seu currículo projetos de pesquisa que viabilizaram as exportações de manga e uvas finas de mesa da região do Semiárido do Vale do São Francisco para o mercado internacional. Feitos que são reconhecidos por instituições renomadas, a exemplo da Sociedade Entomológica do Brasil (SEB). Em 2017, passou a integrar a lista dos Grandes Entomologistas Brasileiros da SEB.

Filha de pais agricultores, encontrou na Agronomia um caminho natural para seguir. E olha que a primeira tentativa de ingresso na universidade foi por Medicina. No segundo vestibular é que optou pela Agronomia. Ao iniciar o curso, tudo fez sentido na sua futura vida profissional. Apaixonada pela profissão, foi a única agrônoma entre os seis irmãos.

Traçou como meta o conhecimento para desempenhar bem sua profissão. Tanto é que o mestrado foi um caminho natural após a graduação. Quis o destino que o experimento que seria a conclusão do curso fosse dizimado por uma geada. Enquanto esperava a plantação do novo projeto render frutos, foi aproveitando o tempo e pagando novas cadeiras. Resultado: acumulou tantos créditos neste período que a possibilitaram concluir o doutorado.

Foi fazer mestrado em São Paulo e voltou doutora. Na estadia ampliada pelas terras paulistas, Nemaura Haji também exerceu a sororidade. Uma amiga não estava numa boa fase nos estudos por estar num momento delicado na sua vida pessoal. Então, a engenheira agrônoma comprometeu-se a estudar com ela para assegurar que ela teria créditos suficientes para concluir o mestrado.

A engenheira agrônoma sabe a importância do apoio feminino no campo profissional. Como única mulher em diversas equipes de trabalho, precisou provar diversas vezes que tinha capacidade tanto ou mais que qualquer colega do sexo masculino. Ela recorda que no seu primeiro emprego, ela era a segunda mulher agrônoma no interior do Ceará, e quando iria assumir um cargo em outro setor, ouviu do futuro chefe, quando ele foi informado de sua ida, o seguinte: “se depender de mim, mulher não trabalha aqui”.

Pensa que essa atitude esmoreceu sua determinação? Ao contrário. Deu mais vontade de mostrar a ele o quanto estava enganado. “Na hora me faltou chão, mas eu pensei: eu mostro a ele o meu trabalho. Tem que vencer os desafios”, atesta a engenheira. Na primeira oportunidade, foi deixar claro com ele que não admitiria tratamento diferente por ser mulher. “Na Agronomia, tem o engenheiro agrônomo e a engenheira agrônoma. Todos dois são iguais. Não tem distinção. Pode exigir de mim o que o senhor for capaz de dar na sua profissão”, disse ao antigo chefe. Isso em pleno 1967.

Quando chegou em Petrolina, tudo era novidade. Veio com o marido biólogo e os dois filhos: uma menina de 2 anos e meio e um menino de um ano e meio. Se adaptaram tão bem que hoje os filhos se consideram petrolinenses. Nenhum dos dois seguiu os passos da mãe: ele é da Polícia Federal e ela é fisioterapeuta.

Ela tem consciência da importância do seu trabalho. Principalmente para a valorização das profissionais mulheres. “Tem espaço para todo mundo”, é o que garante Neumara Haji para as meninas que querem seguir na Agronomia como profissão. “Primeiro, precisa saber o que quer, ter garra e não ter medo de enfrentar nada”, aconselha a engenheira que elege seu trabalho desenvolvido em Petrolina como sua grande conquista profissional.

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