Os investimentos, projetos e mercado de trabalho no Porto de Suape foram tema do debate do Crea Convida da terça-feira, 24. Para falar sobre o assunto, esteve presente o engenheiro civil e diretor de Desenvolvimento de Negócios do Porto de Suape, Luiz Alberto Barros. O debate foi iniciado as 19h, sendo transmitido na TV Crea-PE, canal do Conselho no YouTube. Também participaram do encontro como debatedores Constantino Filho, engenheiro de produção, e o professor e consultor em logística, engenheiro de operação e produção Marcílio Cunha.
Para falar sobre os projetos e perspectivas de emprego e renda, o diretor de Desenvolvimento de Suape, Luiz Alberto Barros, apresentou áreas que compõem o empreendimento que não são consideradas o porto propriamente dito. Numa área de 13.500 hectares, o atual Plano Diretor definiu 5 zonas: Industrial Portuária; Industrial; Central de Serviços; Preservação Ecológica e Preservação Cultural.
De acordo com o Barros, a Zona Central de Serviços deverá, num horizonte até 2030, abrigar Shoppings, hotéis e escritórios. Na área de Preservação cultural onde existe o Parque Armando Holanda Cavalcanti está sendo estudada a possibilidade de uso turístico, pois na Zona de Preservação Ecológica, que delimita o espaço entre o Porto e as cidades circunvizinhas, está 59% de toda a área do empreendimento o que corresponde a aproximadamente 8 mil hectares da área total. No espaço, existe o porto externo, onde estão píeres de graneis líquidos e gases. Na ilha de Caucaia, por sua vez, deverá ser instalado um terminal de minérios com a chegada da transnordestina.
O palestrante disse que o Porto de Suape funciona como um centro logístico do Nordeste, operando num raio de 800 quilômetros, abrangendo 7 capitais, 5 aeroportos, internacionais, 10 portos internacionais, 57,3 milhões de habitantes, o que possibilita o alcance de 90 % do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Nordeste.
A economia do Nordeste alcançou em 2020 um PIB de 212 bilhões de dólares, se aproximando da economia da Colômbia, Chile e maior do que a do Peru. “Esses são razões para que vendamos o Nordeste como um país. Toda área abrangida pode ser atendida por cabotagem, rodovias e ferrovias. Temos 11 polos, o último e mais recentemente criado, está destinado a indústria farmacêutica, onde foi inaugurada a primeira etapa da fábrica da Aché. Em números são 150 empresas instaladas e em instalação responsáveis por investimentos privados na ordem de R$ 74,5 bilhões e oportunidade de empregos diretos e indiretos para 23 mil pessoas”, detalhou Luiz Alberto.
Recentemente, o Porto de Suape foi autorizado a receber navios New Panamaxi, os maiores disponíveis na América Latina. Características de porto abrigado de águas profundas viabilizam operação com navios como esses de grandes dimensões. Outra oportunidade foi o acordo de comercio bilateral firmado entre a Argentina e o Nordeste do Brasil. “Com este novo projeto, toda a carga da Argentina chegará ao país via Porto de Suape, tornando o estado um hub logístico”, comemora.
O diretor disse ainda que 4 empresas anunciaram a expansão do parque de tancagem, já que dos atuais 700 mil metros cúbicos, passarão a produzir 1 milhão de metros cúbicos de granéis líquidos (combustíveis, derivados, gasolina, etanol, querosene de aviação etc.). Há também a previsão da instalação de uma unidade de regás com uma usina termoelétrica, assim como um outro terminal de granéis sólidos (milho, feijão, arroz, trigo etc.).
De acordo com projeto que está sendo estudado, o aumento da área de tancagem de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que passará a ter capacidade para 90 mil metros cúbicos, terá investimentos no valor R$ 1, 2 bilhão. Dentre os investimentos, há a criação de hub de veículos, com capacidade para mais de 7 mil unidades alfandegadas, e a retomada das atividades dos estaleiro, que deverá gerar 400 empregos. Também está programada a ampliação do polo farmacêutico com ampliação da fábrica da Aché, que possibilitará a abertura de mais 500 empregos e mais de R$ 400 milhões de investimentos, além da instalação de outra empresa farmacêutica, a Blau, em área de 60 hectares.
A Planta de Produção de Hidrogênio Verde poderá gerar 450 empregos diretos e investimento de R$ 20 bilhões. Luiz Alberto defende que a atividade se faz necessária na medida em que a emissão de gás carbônico na atmosfera ainda requer atenção dos países e uma das alternativas para mitigar os prejuízos causados à natureza seria a produção do hidrogênio por meio da eletrólise a partir da utilização de energias renováveis como a solar e eólica. Investidores internacionais identificaram que a maior capacidade de geração de hidrogênio verde a partir do uso das energias renováveis está no Nordeste brasileiro e na Austrália.
O palestrante manifestou o desejo de que os portos do Brasil sejam mais amigáveis em relação às importações e exportações internacionais, desburocratizando os processos e possibilitando “mais agilidade e redução de custos”. Conclui que a demanda de mão de obra qualificada deverá ser grande e que é importante a permanência, dos investimentos em educação nas escolas técnicas e Sistema S, assim como chamou atenção para as oportunidades que serão criadas para profissionais das Engenharias.