Ética e Desenvolvimento Sustentável são debatidos no Cbenc
17 de outubro de 2011 6 de outubro de 2020
Teve início na manhã de hoje (segunda-feira, 17), no auditório do Mar Hotel, em Boa Viagem, as palestras do 17º Congresso Brasileiro de Engenheiros Civil (Cbenc). O evento, que acontece até a quarta-feira (19) foi aberto na noite de ontem (domingo, 16) com Sessão Solene.
A primeira palestra, sobre Ética e Desenvolvimento Sustentável foi feita pelo reitor da Universidade de Pernambuco (UPE), engenheiro Carlos Calado e pelo representante do reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professor Ivan Melo, ambos mediados pelo presidente nacional da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), Ney Fernando de Azevedo.
Primeiro a falar, o professor Ivan Melo disse que o tema da sua palestra é certamente o mais desafiador de todos os que serão debatidos no encontro. Explicou que ele perpassa por questões que norteiam todo o fazer da Engenharia e todo o fazer humano. Lembrou que as questões relativas ao desenvolvimento sustentável vêm sendo discutidas desde 1972, na Conferência de Estocolmo, na Suécia.
“Falar de desenvolvimento sustentável é falar sobre questões chaves para o desenvolvimento. Tem a ver com profundas mudanças de paradigmas. Mudança do mundo que queremos, das cidades que queremos. Falar de desenvolvimento sustentável é falar das pessoas, não como instrumentos, mas, como decisores. Não basta ser profissional é necessário ser profissional cidadão”, sentenciou o palestrante.
Para Ivan Melo, o ser humano chegou a um nível onde é capaz de se autodestruir o que exige uma perspectiva civilizatória da atual civilização para as futuras gerações. Na sua fala, Ivan lembrou que o grande desafio para a solução dos conflitos está em diferenciar as questões morais, que dizem respeito à nossa cultura, costumes, valores e a ética, que está relacionada às questões de justiça, respeito e responsabilidade pelas diferenças de cada um, por todos e por tudo. Com um slide onde estava escrito: um outro mundo é possível, seguido da frase “Acredito profundamente nisso”, o professor Ivan concluiu a sua participação.
Com uma palestra menos formal, mas não menos consistente, o reitor da Universidade de Pernambuco, engenheiro Carlos Calado falou com propriedade e desenvoltura sobre o tema, dizendo-se satisfeito por encontrar na platéia grande número de jovens estudantes.
Para Calado, toda a questão da ética e do desenvolvimento sustentável teria grande contribuição se os engenheiros cumprissem o juramento que fazem na hora da formatura. Para dar conhecimento aos presentes ele leu dois dos juramentos que são feitos pelos recém formados.
Querer queimar etapas é para Carlos Calado um dos grandes problemas dos jovens formandos. “Os novos profissionais desvalorizam suas profissões quando, ao invés de colocarem a mão na massa querem ser gestores. Como podem gerir se não conhecem as etapas? Temos que fazer o dever de casa. Não se formem anestesiados”, disse o convidado.
Sobre a reciclagem e outros processos o reitor lembrou que não se pode aderir por modismo. È necessário se avaliar as conseqüências desses processos e analisar se eles são mesmo eficazes. “Reciclagem não pode ser um modismo. O selo verde não pode ser o resultado de marketing. Marketing por marketing não leva a nada. Não podemos ser escravos do modernismo”, sentenciou.
Depois de dar exemplo sobre as distorções da dificuldade de mobilidade na nossa cidade onde muito se fala, mas não se pensa coletivamente, Calado lembrou que não se prioriza a qualidade nos transportes coletivos. Pelo contrário, a cada dia se estimula mais o transporte individual ocasionando o gasto de combustível e energia. Para ele, a mudança só será verdadeira quando as pessoas forem menos individualistas e pensarem coletivamente.
Por fim, o reitor disse que é uma tarefa muito difícil formar profissionais cidadãos se eles já não vierem formados da educação básica. Explicou que essa não diz respeito apenas à educação primária, mas, sobretudo, à educação doméstica, sem a qual a pessoa não tem condições de apreender outras educações.
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