Iniciativa do Crea-PE foi pioneira na região. Evento foi promovido pela Inspetoria de Garanhuns – a primeira 100% composta por mulheres
Seja atuando na área Civil, de Alimentos, Agrônoma, Ambiental ou de Segurança do Trabalho, os desafios enfrentados pelas mulheres no exercício das engenharias – profissões ainda majoritariamente masculinas – ainda são significativos. Foi o que se mostrou no debate proporcionado pelo Crea-PE neste 8 de março, no I Encontro das Mulheres Engenheiras do Agreste.
As oito convidadas para compor a mesa redonda mostraram que, mesmo atuando em áreas bastantes distintas das Engenharias, o lugar comum de ser mulher acaba proporcionando a elas vivências e desafios bastante semelhantes nesse dia a dia profissional. Desde a necessidade de falar de forma mais incisiva para que possam ser mais ouvidas e ter suas ponderações profissionais enxergadas em ambientes como o campo ou o chão de fábrica, até a necessidade de “se provar mais”, quando aos profissionais homens essa confiança e credibilidade é conferida com mais facilidade.
Outras nuances mais amplas, comuns a mulheres no mercado de trabalho em geral, como conciliação de carreira e maternidade, diferença de piso salarial, dentre outras situações, também foram trazidas à conversa. O debate, que durou quase duas horas, aconteceu no auditório da Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns (Aesga). Estiveram na mesa a engenheira civil Beatriz Leal; a engenheira de alimentos Monnykhe Lorena de Oliveira Melo; Grazielle Bernardo, engenheira agrônoma; Analice Nunes Clarindo, engenheira agrônoma; Raniele Oliveira, engenheira de alimentos; Luana Lima, engenheira ambiental e de segurança do trabalho; Jullyana Ferreira Viana, engenheira civil; e Brena Tavares, aluna do 4º período de Engenharia Agronômica.
Na abertura do evento, o presidente do Crea Pernambuco, Adriano Lucena, fez uma saudação ao protagonismo feminino na Inspetoria de Garanhuns – a primeira composta 100% por mulheres – e reforçou o quanto o Conselho têm estado atento à necessidade de ampliar e fortalecer essa participação, sobretudo através do Programa Mulher. “O Crea, assim como as Engenharias, Agronomia e Geociências, é um espaço para todos. Não podemos ter disputa de gênero, mas precisamos da justa equidade. Precisamos da participação de todas as mulheres e homens, indistintamente. O que fortalece a organização social é a participação coletiva – incluindo nessa participação todas as diferenças – de pensamento, perspectivas e posições – que enriquecem o debate e são capazes de promover as mudanças necessárias na sociedade em que vivemos. Por isso, todos precisam participar cada vez mais”, defendeu Adriano.
Antes do debate, a coordenadora adjunta do Programa Mulher, Giani Camara, explicou a iniciativa e convidou todas as profissionais presentes a participarem e engajarem-se cada vez mais no Conselho.
Para o trio de organizadoras do evento, Beatriz, Monnykhe e Grazielle, o saldo da noite foi bastante positivo. “Esse primeiro encontro de mulheres no Agreste já deixou um legado. É a primeira vez que participo de um evento com essa perspectiva, sobretudo aqui no interior. Estamos ‘descapitalizando’ a ideia de que só as mulheres da capital conseguem ter destaque e mostrando que as mulheres do interior também podem ser protagonistas”, avaliou Beatriz.
“Acredito que a troca foi muito rica e que alcançamos o nosso objetivo de integrar a diversidade das vivências profissionais, das perspectivas, das engenharias e assim perceber como todas nós – mesmo atuando em áreas diferentes – temos muito em comum. Acredito que foi um debate enriquecedor para todos os presentes”, pontuou Monnykhe. Grazielle também reforçou a alegria com o sucesso do encontro. “Estávamos com muita expectativa por esse evento, que é pioneiro no interior e já era um pedido dos profissionais da região. É um ato muito representativo, de fortalecimento de vínculos e de posicionamento da mulher no mercado de trabalho do Agreste de Pernambuco. Foi uma honra receber todos que vieram prestigiar essa noite e ser anfitriã de algo tão significativo para toda a região”, destacou a engenheira.
Da plateia, a engenheira de alimentos Januacele Vieira também aplaudiu a iniciativa. “Muito bom ter esse espaço pra discutirmos temas tão importantes para a sociedade aqui em Garanhuns. Ainda mais nesse formato em que a gente pôde também não só ouvir, mas trazer ponderações para o debate”, avaliou.
