Crea-PE

Crea Pernambuco debate os “Desafios da Mobilidade e do Transporte Público da RMR”

Seminário será realizado neste 24 de setembro, das 14h às 18h, no auditório Sérgio Guerra, na Assembleia Legislativa, e é aberto ao público, com inscrição gratuita

O mês de agosto terminou deixando um título nada positivo para o Recife: a cidade com o tráfego mais congestionado do Nordeste. A capital pernambucana ainda ocupa a quarta posição, quando vai para o ranking nacional, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Os dados fazem parte de uma pesquisa do Waze – aplicativo de orientação e navegação de trânsito usado por mais de 115 milhões de pessoas por mês no mundo. O levantamento reforça o recorte de que, em função da imobilidade ou baixa mobilidade, as pessoas estão fugindo dos transportes públicos e usando cada vez mais app de deslocamentos, principalmente com motos.

Do ponto de vista financeiro, há redução no fluxo de passageiros, impactando no caixa das empresas. Já sob a ótica da segurança no trânsito, registra-se o aumento de acidentes. Não à toa que o balanço feito pelo Corpo de Bombeiros de Pernambuco (CBMPE) apontou, ano passado, um total de 3.831 ocorrências envolvendo motociclistas, com uma média diária de 10 acidentes, revelando “números alarmantes”, conforme a classificação do levantamento. Esta é uma realidade que vem colocando o trânsito do Recife e o transporte público para um beco sem saída. O questionamento é: como resolver este problema?

Para buscar respostas assertivas, o Crea Pernambuco realiza, neste dia 24 de setembro, o seminário “Desafios da Mobilidade e do Transporte Público da RMR”. O evento é coordenado pelo Comitê Tecnológico Permanente (CTP) do Crea. Marca mais uma ação do eixo “Um projeto para Pernambuco e o Brasil” e acontece no Auditório Sérgio Guerra, na Assembleia Legislativa, das 14h às 18h. Será aberto ao público, mas precisa fazer a inscrição gratuita, pelo Google Forms, clicando aqui. 

O seminário trará os seguintes palestrantes: Nazareno Affonso, urbanista da mobilidade e diretor nacional do Instituto MDT (Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte); Matheus Freitas, engenheiro civil e presidente do Grande Recife Consórcio de Transportes; Luiz Fernando Bandeira, engenheiro civil e vice-presidente do Conselho Diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE); e Roberta Soares, jornalista, repórter e colunista de mobilidade do JC e consultora de mobilidade urbana. A mediação ficará por conta do engenheiro civil, doutor e professor aposentado da UFPE, Oswaldo Lima Neto. A abertura será feita pelo presidente do Crea-PE, Adriano Lucena.

“Quando se fala de mobilidade, é preciso ver o tema por todos os aspectos. Desde modais, como ônibus, metrô, carros a calçadas que possibilitam os deslocamentos de pedestres. A iniciativa do Crea vai reunir os atores principais ligados ao tema para ouvir seus problemas e possíveis soluções”, explica Adriano Lucena, destacando que, dentro desta discussão, a questão do Metrô será “citada”, mas será alvo de um seminário próprio, tamanha a complexidade do assunto.

Problemas com mobilidade e transporte público são uma realidade que vai além da Região Metropolitana do Recife. O país passa pela mesma dificuldade. Para apresentar esse cenário nacional, o especialista Nazareno Affonso vai trazer suas experiências acumuladas ao longo dos mais de 20 anos do Instituto do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos, uma organização não governamental que atua em todo o Brasil na área de mobilidade urbana, desde 2003.

Nazareno Affonso afirma que os problemas que o Brasil enfrenta hoje nas questões de trânsito são um reflexo da política pública que incentiva aquisições de automóveis e não investe, de fato, no transporte público. Na sua apresentação, o urbanista vai trazer a proposta do instituto, criada e apresentada à Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP) ainda em 2017, o Sistema Único de Mobilidade Urbana (SUM). A implantação do sistema é baseada na importância da mobilidade urbana para o desenvolvimento econômico e social das cidades e do país. Ela prevê uma política pública para garantir o direito a uma mobilidade urbana sustentável, acessível e de qualidade para todos.

Matheus Freitas adianta que, para se ter uma melhor mobilidade urbana no transporte público de passageiros da Região Metropolitana do Recife, está sendo utilizada tecnologia para otimizar as rotas, monitorar a operação em tempo real e melhorar a comunicação com os passageiros. “Estamos investindo em infraestrutura e tecnologias para enfrentar os desafios da mobilidade e garantir que o transporte público atenda às necessidades crescentes da população”.

Com experiência de mais de 20 anos escrevendo, estudando sobre mobilidade, além de prestar consultoria na área, Roberta Soares vai trazer na sua palestra os aspectos do impacto do trânsito no transporte público. “Com o adensamento urbano e desorganizado das cidades, o trânsito se tornou o principal entrave para a boa operação do transporte público por ônibus. Por isso, é tão importante discutir esse tema e, principalmente, cobrar a prioridade viária para os ônibus nas ruas das cidades, o que segue sem ser prioridade dos gestores públicos. Veja o caso dos corredores e das faixas exclusivas de ônibus, que pararam no tempo em muitas cidades, como tem acontecido no Recife e na Região Metropolitana”, avalia Roberta Soares.

Detentor de uma larga experiência no tema da mobilidade urbana e transportes públicos, Oswaldo Lima Neto vai fazer uma apresentação de todas as questões, situando as dificuldades que acometem a Região Metropolitana do Recife. “Vou fazer uma introdução falando dos problemas que o usuário tem hoje no sistema de transporte público da RMR. Vou falar também dos problemas que os operadores enfrentam e que a própria gestão enfrenta. Na minha fala, vamos lembrar que o Recife é uma das cidades mais congestionadas no mundo e isso afeta terrivelmente a operação do sistema de transporte”, pontua Lima Neto.

Depois das apresentações de todos os palestrantes, haverá o espaço aberto para o debate. Todos os presentes poderão fazer perguntas e sugestões dentro do tema. Os internautas que acompanharem a transmissão do seminário, ao vivo pela TV Crea-PE, também poderão fazer suas contribuições pelo chat do YouTube.

Pular para o conteúdo