O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), José Mário Cavalcanti, manifestou preocupação na última sexta-feira (18), junto ao superintendente Regional Recife da Caixa Econômica Federal, Pedro Carlos Santiago Júnior, com as novas exigências da entidade para o financiamento das obras do Programa Minha Casa Minha Vida. A nova medida do programa, divulgada pela Caixa Econômica Federal (CEF), afirma que o Governo Federal só irá financiar imóveis em ruas calçadas e saneadas.
De acordo com o ofício enviado pelo presidente José Mário à Caixa, “Tal medida fere de morte a continuidade do programa neste Estado, tendo em vista que as vias situadas na periferia das cidades não são, de um modo geral, pavimentadas. Para que se tenha uma ideia, cerca de 47% das vias urbanas do Recife não são pavimentadas, de acordo com informações da própria Prefeitura. Há ainda um agravante, quanto ao fato de que a maior parte da extensão pavimentada está situada em bairros onde residem pessoas de maior poder aquisitivo. Nos municípios vizinhos, o percentual de vias urbanas não pavimentadas é bem maior e no interior do Estado atinge mais de 90%”, argumentou o presidente do Crea-PE.
Ainda na opinião do presidente, assim como de outros profissionais do Estado de Pernambuco, outra questão negativa da medida, que também constou do documento, diz respeito à conservação ambiental. “Do ponto de vista ambiental, não se recomenda a pavimentação desenfreada e sem critérios de vias locais com baixo volume de tráfego, tendo em vista que a impermeabilização dessas áreas provoca um aumento no coeficiente de escoamento superficial, o conhecido coeficiente de ‘run-off’, com graves reflexos no sistema de drenagem urbana, além de promover um substancial aumento na temperatura ambiente”, explicou.
O desemprego e o déficit habitacional também foram considerados no documento que foi concluído com um pedido de revisão da medida anunciada e já adotada pela instituição financeira em Pernambuco. “Caso prospere tão insensata medida, tem-se como agravante o que dela advirá em termos do desemprego da mão-de-obra que hoje atua na construção civil em pequenas e médias construtoras, da forte redução na oferta de moradias para a população de baixa renda e ainda do inevitável acréscimo no valor dos terrenos utilizados para a construção dessas casas”, considerou José Mário.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE