Evento terá a participação dos engenheiros eletricistas Carlos Mariz, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, e Carlos José Caldas Salviano, mestre em Tecnologias Energéticas e Nucleares
Quando se fala de energia nuclear, logo acende uma luz de alerta sobre o risco de usar essa matriz energética. O imaginário popular tem na memória acidentes com usinas deste tipo que causaram morte e destruição, a exemplo do emblemático desastre da Usina de Chernobyl, na região da Ucrânia, em 26 de abril de 1986, quando um reator da usina apresentou problemas técnicos, liberando uma nuvem radioativa. Um fato ocorrido há 36 anos ainda levanta o questionamento: a geração nuclear é segura?
Não só é segura como é a mais segura de todas. A afirmação é do engenheiro eletricista e presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Mariz. Ele e o engenheiro eletricista e mestre em Tecnologias Energéticas e Nucleares e professor da Escola Politécnica-UPE, Carlos José Caldas Salviano, serão os palestrantes do Crea Convida desta terça-feira (5), cujo tema será: “Energias Limpas e Sustentáveis”. Emerson Torres, engenheiro eletrônico, professor do Departamento de Energia Nuclear da UFPE e doutor em Energia Solar, participará como debatedor.
Mariz carrega no currículo a experiência de, ao longo de 15 anos trabalhando na Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), ter sido responsável pelo planejamento energético da empresa. Também foi o coordenador de um projeto de viabilidade da implantação de usina nuclear no Nordeste. Entre 2011 e 2015 esteve à frente do escritório da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, criada em 1997 com a finalidade de operar e construir usinas termonucleares no Brasil.
Nesta época, mapeou possíveis sítios no Nordeste que pudessem receber uma usina termonuclear. Os estudos apontaram para o município de Itacuruba, no Sertão pernambucano, como possível local para uma nova central nuclear, devido à baixa densidade populacional e à proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores. O projeto voltou, inclusive, à pauta de discussão em meio à busca de alternativas para a crise energética.
“Noventa e nove porcento das informações sobre energia nuclear são fake news”, atesta Carlos Mariz. Ele tem a missão de desmistificar esse preconceito no debate do Crea Convida e esclarecer as dúvidas sobre esta matriz energética. O interesse pela tecnologia nuclear no Brasil começou na década de 1950, defendida pelo pioneiro nesta área, o Almirante Álvaro Alberto. Entre outros feitos atribuídos a ele, criou o Conselho Nacional de Pesquisa, em 1951, e que importou duas ultra-centrifugadoras da Alemanha para o enriquecimento do urânio, em 1953.
Angra dos Reis foi a cidade escolhida para abrigar a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Angra 1, a primeira usina nuclear brasileira, iniciou suas operações comerciais em 1985. Já Angra 2, a segunda, começou a operar em 2001. Por fim, Angra 3 será a terceira usina do centro e deverá iniciar as operações comerciais em 2026. O Ministério das Minas e Energias estimou que, até 2050, 60 milhões de brasileiros poderiam ser abastecidos pela eletricidade gerada por usinas nucleares.
O Plano Nacional de Energia 2050, aprovado em dezembro de 2020 pelo Ministério de Minas e Energia, prevê o aumento de até cinco vezes da oferta de energia nuclear dentro da matriz elétrica brasileira nos próximos 30 anos. Atualmente, as duas usinas em funcionamento têm, juntas, uma potência de aproximadamente 2 GW (gigawatts). A meta é alcançar uma capacidade de geração entre 8 e 10 GW no período estipulado, e a conclusão de Angra 3 promete acrescentar 1,4 GW de potência.
O Crea Convida é transmitido ao vivo pela TV Crea-PE, no YouTube, a partir das 19h. Após a apresentação dos convidados é aberto um espaço para interação com os participantes presentes na live, com perguntas sobre o tema.