O Crea Convida da última terça-feira (9) teve como tema o saneamento rural e as soluções estratégicas para Pernambuco. Participaram o membro da Unidade de Gerenciamento do Saneamento Rural de Pernambuco da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra), Sérgio Murilo Guimarães; e o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, além de Ermes Costa, engenheiro mecatrônico e chefe de gabinete do Crea-PE, representando o Conselho.O encontro foi ao ar às 19h pela TV Crea, no YouTube, e está disponível na íntegra aqui..
Após dezembro de 2018, quando foi concluído estudo realizado pelo Governo do Estado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi possível coletar, por meio de georreferenciamento, o número de imóveis, população e fonte de água disponível. Essas informações serão utilizadas no mapeamento do projeto que já foi iniciado com o objetivo de resolver os problemas de água e esgotamento sanitário na Zona Rural de Pernambuco, segundo Sérgio Murilo.
O representante da Seinfra informou ainda que conhecer a realidade das comunidades rurais é imprescindível para melhor planejar e agir na solução do problema. Em Pernambuco a comunidade rural apresenta distintas faces dos espaços rurais caracterizados na topografia do Sertão, Agreste, da Zona da Mata e do litoral. “Com o levantamento já temos mais de 7 mil comunidades identificadas. Dessas, 58% já estão cadastradas. A partir dessas comunidades cadastradas, podemos dizer que 56% têm algum tipo de abastecimento e 44% se abastecem a suas próprias custas. Das que não tem abastecimento, 90% não têm projeto e as demais já têm projetos ou até obras em andamento”, detalhou.
Dentre as informações disponíveis estão a demanda de água por comunidade, o consumo per capita, o meio de abastecimento (Compesa, Operação Carro-pipa, etc) e a quantidade de resíduos sólidos gerados nos assentamentos, nas comunidades indígenas e quilombolas e nas chamadas natural. Ao todo a soma de resíduos das comunidades identificadas soma cerca de 350 mil toneladas por dia.
Segundo o palestrante, há água para todo mundo, considerando a capacidade de armazenamento de água de chuva – que chega a 4 bilhões de litros – em mais de 178 mil cisternas instaladas em Pernambuco. Do ponto de vista da solução de esgoto, no Semiárido já são utilizadas duas: o reuso da água e a geração de energia através do biodigestor.
Sérgio Murilo Guimarães disse que, após a definição do modelo de gestão e estratégia de ação, será possível identificar as ruralidades, criação da unidade gestora, articulação das lideranças dos territórios, captação de recursos, projetos e obras rural, e por fim, o monitoramento de indicadores para construção de obras que possibilitarão atender às necessidades de água e esgotamento sanitário de 1,9 milhões de pernambucanos.
Gonzaga Patriota apresentou a importância de políticas públicas que garantam a dignidade e cidadania e defendeu a aproximação da engenharia da realidade rural para melhoria do modelo de gestão. “É importante que instituições governamentais, públicas, privadas e sociedade se unam e ajudem umas às outras na busca de soluções mais adequadas para a falta de água. Esse é, sem dúvida, um problema desafiador, secular e histórico que ainda sofre com a exploração política, a exemplo da solução por meio do uso do carro-pipa, um paliativo emergencial. Apesar de estarmos longe de uma solução definitiva, reconheço os grandes avanços e quero agora, depois de criticar várias vezes, elogiar as ações que estão sendo implementadas pelo Governo do Estado e a Compesa pela mudança de postura que vem assumindo”, considerou.