Para falar sobre o assunto “Paleontologia e mineração: exemplos de casos em Pernambuco e no Brasil”, o Crea Convida da terça-feira (10), convidou duas especialistas na área: a geóloga e professora do Departamento de Geologia da UFPE Alcina Franca; e a bióloga Márcia Polck, chefe da Divisão de Paleontologia da Agência Nacional de Mineração. A conversa que foi transmitida na live apresentada na TV Crea, no canal do Conselho no Youtube, debateu a importância de fósseis encontrados não só em Pernambuco, mas no Brasil. Participou como debatedor Christino Lyra, membro do conselho fiscal da Associação dos Geólogos de Pernambuco (AGP).
A live na íntegra pode ser acessada aqui.
Alcina Franca iniciou a apresentação expondo um panorama geral sobre a paleontologia em Pernambuco, onde 64 dos 184 municípios contam com a presença de fósseis. Isso significa dizer que 30% dos municípios têm patrimônio paleontológico. A professora registrou alguns exemplos onde há maior ocorrência fóssil das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica nas bacias do Jatobá, Araripe e Paraíba, precisamente nos municípios de Petrolândia, Tacaratu, Inajá, Araripina, Trindade, Ipubi, Exu, Ibimirim, Afrânio e Brejo da Madre de Deus.
A professora informou que dez mil exemplares foram encontrados no Nordeste, em especial no estado de Pernambuco, 40% dos quais coletados em mineradoras de calcário, fosfato e gipsita. Ela utiliza essa quantificação para defender a ideia de que a mineração facilita a descoberta de fósseis.
Alcina defendeu alguns pontos em que a mineração e a paleontologia podem se complementar. “Conhecimento básico dos técnicos em mineração sobre a paleontologia, consentimento das empresas para que haja paleontólogos nos locais explorados sem perturbar a extração, por exemplo. Em contrapartida, haveria mais acervos para o Estado e para a União, empregos diretos e indiretos, mais museus que valorizariam as profissões dos paleontólogos, engenheiros de minas e dos técnicos em mineração”, concluiu.
Para Márcia Polck, a mineração tem grande importância na vida das pessoas. “A extração dos diversos minerais está nas nossas casas, roupas, celulares, computadores, sendo praticamente impossível imaginar a nossa vida sem os recursos naturais. Embora haja indústrias, não dá para viver sem a mineração”, afirmou categórica.
As grandes cavas abertas pela mineração contribuem para achados de fósseis preservados, inclusive, de tecidos moles, músculos, conteúdo estomacal, coração de peixes, etc. Tridimensionalmente conservados, possibilitam o conhecimento de certas características das espécies, como por exemplo, sua cadeia alimentar.