Crea-PE

Congresso de engenharia civil reúne grandes nomes do setor em Curitiba

Encontro, encerrado na última sexta-feira (17), é o maior evento no País ligado à categoria. Evento contou com a participação de 11 integrantes do Crea-PE

A engenharia civil no foco da pauta, com destaque para discussões técnicas que beneficiam não só a profissão como a sociedade e a economia do País. Assim aconteceu o 26º CBENC (Congresso Brasileiro de Engenheiros Civis), maior evento no País ligado à categoria, da última quarta-feira (15) a sexta-feira (17). O encontro, realizado pela Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc) no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), aconteceu em Curitiba, com apoio do Crea-PR.

Para ter uma ideia da importância do evento, o Crea-PE mandou uma comissão com 10 profissionais, além do seu vice-presidente e presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis Pernambuco (Abenc-PE), Stênio Cuentro.

Na avaliação de Stênio Cuentro, a participação no CBENC traz a importância do encontro, com a troca de experiência profissionais. “Depois de dois anos, nós conseguimos nos encontrar, encontrar velhos companheiros, conversar, articular, trocar ideia, trocar experiências e nivelar, avaliar como está a engenharia no Brasil de uma forma mais consistente”, ponderou Cuentro, explicando que é possível conversar com pessoas do Sul e do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste. “Você vai captando as impressões de como está a evolução da engenharia no Brasil como um todo”, atestou o vice-presidente do Crea-PE.

Para ele, o congresso apresentou um conteúdo técnico expressivo, com minicursos e palestras com profissionais de todo o País, abordando mais de duas dezenas de temas. “Do ponto de vista técnico, é muito bom até para o profissional que é mais experiente que tem a oportunidade de reciclar, de aprender, ver novas coisas, novas técnicas, novos posicionamentos legais sobre os assuntos de importância como vistoria predial, como  a questão da validação dos cursos de engenharia, seja por qualquer modelo de ensino, por exemplo”, observou o presidente da Abenc-PE.

Sobre as pautas apresentadas no evento, Cuentro é taxativo: “tudo o que foi discutido no congresso deve ser replicado no Estado. Nossa delegação era composta de 11 profissionais  engenheiros civis e com certeza vamos aplicar dentro do sistema Confea/Crea. Precisamos que esses profissionais profiram palestras e promovam encontros aqui em Pernambuco para que essas experiências adquiridas tenham essa ressonância”, declarou.

No grupo, estava o coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil (CEEC) do Crea-PE, Marcos Maciel. “A filosofia da entidade é lutar pela engenharia e pelos engenheiros civis”, destaca Marcos Maciel. Conforme o coordenador da CEEC, o ponto alto do congresso foi a palestra de encerramento do evento do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. O tema de sua apresentação foi “A Infraestrutura Brasileira, suas oportunidades e desafios”.

“A fala do ministro surpreendeu a plateia. Ele é engenheiro civil, então ele tem a facilidade de falar sobre o tema. Ele falou assim: meu trabalho é dar trabalho para vocês engenheiros. Fez um balanço geral das obras em todo o País, em que estágio estão, dos mais diversos tipos de obra: ferroviárias, portos, aeroportos, os já concessionados e os que vão ser concessionados. Ele deu um grande retrato da engenharia civil do Brasil, do que está sendo feito e o que está por fazer”, avaliou Maciel.

“Nós estamos plantando, mas a colheita vai vir mais para a frente. Encaramos a infraestrutura como uma questão de Estado, o que tem chamado a atenção de investidores estrangeiros. Já fizemos 125 leilões desde 2019. O Brasil tem de ser líder em infraestrutura na América Latina – e será – com o que está sendo implantado e construído”, afirmou o ministro.

A engenheira civil e professora Cláudia Alcoforado, que fez parte da comissão pernambucana no congresso, avaliou que as palestras foram especialmente técnicas. Isso, conforme ela, contribuiu para novos olhares sobre o que tem sido feito na engenharia civil sob a ótica da legislação, produtividade, competitividade e resultados dos diversos setores. “A abordagem da engenharia civil, sob a perspectiva das novas diretrizes curriculares nacionais a partir de 2023, trouxe muitos pontos para repensar o ensino do curso no contexto do que importa para o profissional egresso da universidade e para a sociedade que o recebe”, salientou a professora.

Ela destacou alguns pontos, a exemplo da engenharia diagnóstica e a inspeção predial como pontos fortemente abordados no congresso, incluindo também a legislação de inspeção predial;  a questão da engenharia costeira, como tem sido aplicada em alguns de nossos portos e seus resultados favoráveis ou desfavoráveis, reforçou ainda mais o fato de que tais regiões merecem um estudo bem mais judicioso antes das intervenções; e a infraestrutura brasileira atual e o que se planeja para a mesma foi um tema explorado no congresso, mostrando as possibilidades da matriz de transportes brasileira.
Para o coordenador da Comissão Ética do Crea-PE e membro da CEEC, o engenheiro civil Jurandir Liberal, esses congressos são importantes para reciclar o conhecimento dos profissionais em suas áreas. É apresentado o que há de mais novo sendo feito e discutido na área da engenharia civil.

Jurandir destacou, por exemplo, as inspeções prediais, um assunto que está avançado não só do ponto de vista da análise. “Antes, as discussões eram individualizadas e agora os procedimentos estão discutidos nos âmbitos municipais e estaduais, que devem ser transformados em leis”, observou Liberal. Para ele, o congresso ainda merecia mais um dia de debates pela importância dos temas da construção civil para o País.

Nos três dias do evento, uma pauta extensa de assuntos relevantes para o setor. Cerca de 300 pessoas se inscreveram para o congresso, sendo profissionais de todo o Brasil. A cerimônia de abertura foi prestigiada por diversas autoridades da engenharia civil nacional.

Logo no início, o presidente da Abenc e porta-voz do evento,  José Teixeira Coelho Ladaga, destacou em seu discurso a importância da união para a categoria. “Chamo a todos para a união em torno da engenharia civil. Minha jornada não é política, é de valorização de uma profissão histórica, que desde sempre traz desenvolvimento e progresso ao nosso país e ao mundo”, resumiu.

Joel Krüger, presidente do Confea, aproveitou sua fala para efetuar uma série de homenagens e agradecimentos, entre eles um destaque especial a todas as mulheres da profissão, representadas na figura de Enedina Alves Marques, primeira mulher engenheira civil do Paraná e primeira mulher negra a ingressar na carreira no país.

PALESTRAS
O primeiro dia do congresso contou com a palestra “A nova Lei de Licitações – Lei nº 14.133/2021”, proferida pelo engenheiro civil José Eugênio Souza de Bueno Gizzi e mediada pelo também engenheiro civil Cirus Itiberê da Cunha. “É uma lei que nasceu logo após a Operação Lava Jato e tem grande foco no combate à corrupção, mas não com transparência e tecnologia, e sim com burocracia. No entanto, o que precisamos mesmo é de contratações menos burocráticas, que valorizem mais o resultado do que o processo”, apontou Gizzi.

O engenheiro civil e professor doutor Rubens Eugênio Barreto Ramos proferiu a segunda palestra do primeiro dia do congresso: “A importância do Plano Diretor”. Ele fez sua apresentação contextualizando historicamente a engenharia civil e seu papel como ferramenta de construção social desde a Antiguidade. “É por isso que esta é a profissão ideal para deliberar sobre o Plano Diretor, pois enxergamos a cidade como outras pessoas não enxergam, como um todo”, disse.

A terceira palestra do primeiro dia ficou sob a responsabilidade do engenheiro civil e doutor Carlos Siqueira, com o tema “Pontes protendidas e estaiadas da inspeção visual à especial”. Ele começou relembrando um dos grandes feitos da engenharia nacional, a construção da ponte Rio-Niterói. “Com 14 km, era a terceira maior do mundo quando foi inaugurada. Ela tem uma viga contínua metálica, de 300 metros, recorde mundial até hoje. A quantidade de cabos de aço dava para dar três vezes e meia a volta na Terra”, contou ele, que participou da obra.

Na pauta do primeiro dia teve a palestra “Mútua voltada para os profissionais”, apresentada pelo engenheiro agrônomo Francisco Almeida, diretor presidente da Mútua. Ele falou da instituição que tem a proposta de ser uma caixa de acolhimento e fugir do estereótipo de apenas um banco. “Cerca de 100 mil pessoas, ou 13% dos um milhão de profissionais do País têm alguma ligação com a nossa entidade. Queremos crescer e expandir ainda mais”, prospectou.

O tema “Engenharia Civil: DCNs – Desafios para a formação e exercício profissional” pautou a palestra do engenheiro civil e doutor Dante Alves Medeiros. “Atualmente, em nosso momento histórico, estamos sofrendo grandes transformações, grandes revoluções das redes de computadores e de tudo ao seu entorno. Essa revolução também chega nas escolas, o que gera uma nova forma de educar, aprender, se comunicar e interagir, nascendo novas provas curriculares”, disse.

A última palestra do primeiro dia teve o tema “Engenharia Costeira”, sob a responsabilidade do engenheiro civil e doutor Eduardo Felga Gobbi. “Tudo que for construído na região costeira precisa ser muito bem estudado. É fundamental conhecer os forçantes para poder avaliar os problemas, que são os mesmos das demais regiões, somados às correntes oceânicas, de maré e de deriva litorânea. Tudo isso vai ser importante para o dimensionamento das estruturas nessas áreas”, explicou.

SEGUNDO DIA
O segundo dia  de palestras começou com o tema “Avaliação da qualidade do ensino de Engenharia Civil”, proferida pelo engenheiro civil e doutor Marcos Tozzi. Ele iniciou sua fala abordando a questão da Certificação Profissional Internacional, que o Sistema do Confea/Crea está trabalhando para oferecer aos engenheiros civis do País. “É um processo em que eles poderão se inscrever quantas vezes quiserem e que permitirá trabalhar em diversos países do mundo”, disse.

A palestra “Trabalhista! E agora? Onde as empresas mais erram?” encerrou a manhã do dia, com a condução do juiz do Trabalho, Marlos Augusto Melek. “Vejo pequenos erros dos empregadores que levam a grandes condenações de até R$ 50 mil. 78% das justas causas são revistas pelo Judiciário por falta de provas. Filmagem, mensagem de WhatsApp, redes sociais tudo isso são provas. E quem tem de provar é quem mandou embora”, disse.

A última apresentação dos temas técnicos ficou por conta da palestra “Desempenho das Construções: como atender à NBR 15.575”, da engenheira civil Edna Possan. “A norma de desempenho das edificações residenciais não é um documento sobre qualidade das construções, como dizem. Ela estabelece um desempenho mínimo, pois temos de fazer coisas que funcionem. Isso é uma obrigação”, explicou.

*Com informações do site do Crea-PR

Pular para o conteúdo