Sessão especial do IV Seminário de Extensão Pesqueira e Aquícola discutiu o papel, avanços e entraves no extensionismo rural que afetam os pequenos produtores
Uma maratona de minicursos e debates de diversos temas de interesse para profissionais, professores e estudantes, envolve os profissionais, professores e estudantes que participam do segundo dia do XXII Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca (Conbep), nesta terça-feira (22). O Conbep 2023 reúne cerca de 600 congressistas até quinta-feira (24), no Armação Convention Center, em Porto de Galinhas.
Uma das salas que mais empolgou o público foi a sessão especial do IV Seminário de Extensão Pesqueira e Aquícola. Na primeira parte do encontro, representantes da academia, de pescadores e produtores abordaram os problemas da extensão rural.
Padre Antonio Miglio, que trabalha com associações de piscicultura, em Jatobá (PE), fez críticas às ações de extensão rural. “Os extensionistas chegam com o projeto pronto, sem interação com a comunidade”, destacou.
Segundo padre Miglio, o perfil social de Jatobá mudou totalmente com a piscicultura. O município já teve muitas associações de pesca, ainda mantém algumas, a maioria familiar, mas não houve avanços significativos. A cidade ainda não conta com serviço básicos, a exemplo de banco ou cartório, e tem péssimas estradas, o que dificulta a competitividade dos pescadores.
A socióloga e professora Ruth Almeida, do curso de Engenharia de Pesca do Pará, que trabalha com ribeirinhos da região, destacou os desafios na extensão rural para os pescadores. Na sua opinião, a Carta de Porto de Galinhas não deve avançar em relação às anteriores, de Manaus (2019) e de Florianópolis (2017), no que diz respeito aos conceitos das atividades pesqueira e aquícola. A professora citou como entraves as questões de falta de acessibilidade e a ausência de políticas públicas.
Outra polêmica levantada no Seminário foi a negação da pesca artesanal e do papel do engenheiro de Pesca, profissional que pode ser importante para o desenvolvimento sustentável do País e aliado das comunidades originárias.
Interação entre formação e mercado de trabalho favorece o profissional
A maior proximidade entre a formação profissional e o mercado de trabalho pode abrir portas para os futuros profissionais da Engenharia de Pesca. Esse foi o recado dos palestrantes da mesa redonda “Profissão Engenharia de Pesca:
legislação atual e desafios para consolidação no mercado de trabalho”, na tarde desta terça-feira (22).
Projeto piloto do Instituto Federal do Ceará (IFC), Campus Paracuru, o Caminhos profissionais tenta resolver essa equação. Segundo o professor Márcio Bezerra, o mercado de trabalho de engenharia de Pesca é vasto, mas é necessário trabalhar na construção do perfil profissional do estudante. “O projeto leva o aluno a perceber em qual momento profissional ele se encontra, e como se projetar no mercado de trabalho a partir da formação”, explicou.
A engenheira de Pesca Eliana Barbosa, conselheira do Crea-PE, divide com Márcio Bezerra as mesmas preocupações. “O desafio da Engenharia de Pesca é a inserção no mercado de trabalho e a interação entre o mercado e a universidade “, defendeu a conselheira.
A conselheira abordou, ainda, a representatividade dos engenheiros de Pesca dentro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Segundo ela, mais de 2 mil engenheiros participam dos conselhos dos Creas.
A programação do Conbep, que tem patrocínio do Crea-PE, será retomado na manhã desta quarta-feira (23), com destaque para a palestra do engenheiro de Pesca José Augusto Negreiros Aragão, do Ibama, que participa da mesa redonda “Abordagem ecossistêmica aplicada à gestão pesqueira; o minicurso Ecologia de elasmobrânquios (raias e tubarões) e a mesa redonda Mudanças climáticas e as consequências na aquicultura e pesca.