Encerrou no sábado (12) com a presença do presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo, o Seminário de Desenvolvimento Permanente – Rodada Araripe, promovido pelo Clube de Engenharia de Pernambuco (CEP), que teve início na quinta-feira (09), em Araripina/PE. O objetivo do encontro foi promover o debate dos problemas e soluções no saneamento, meio ambiente, mão de obra, transporte, além de inovação tecnológica na região.
O presidente do Conselho Federal participou da cerimônia de encerramento e iniciou sua fala parabenizando a organização do evento pela iniciativa de trazer um debate tão importante quanto à questão do desenvolvimento para uma cidade do interior. Lembrando que, em geral, esses debates acontecem nas capitais do País. Marcos Túlio defendeu que o grande desafio da categoria é saber o quer para a Região do Araripe, para o Estado de Pernambuco e para o País. “Precisamos ter projetos de longo prazo e não apenas projetos para os tempos dos mandatos dos representantes que vamos eleger”, disse.
Para explicar melhor suas idéias, ele afirmou que participaria do Congresso da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abeng) para falar sobre a escassez de engenheiros no mercado de trabalho. “O tema está em debate por que não tomamos medidas que evitassem o gargalo de mão de obra especializada com antecedência. Planejamento não pode ser feito em curto prazo. O gargalo envolve ainda outra questão, nossos alunos, no segundo grau não têm base. Como formar profissionais qualificados sem base?”, argumentou o presidente do Confea.
Marcos Túlio disse ainda que “a questão da oferta da mão de obra não será solucionada daqui a um ano. Ela deverá dar sinais de melhoria daqui a 10 anos. Enquanto isso é necessário que se faça planejamento, por exemplo, para a questão do aumento de produção. Se os gargalos desse setor também não forem planejados em longo prazo, de que adiantará aumentar a produção se não tivermos condições de escoar?”, questionou.
Segundo o palestrante, o Brasil forma, por ano, 32 mil engenheiros, enquanto a China, no mesmo período de tempo, forma 450 mil. Túlio disse ainda que é importante uma maior participação dos profissionais nos processos de desenvolvimento tecnológico que, na opinião dele, são a base para o desenvolvimento mundial. De acordo com dados do presidente do Confea, nos Estados Unidos, 46% dos profissionais das áreas tecnológicas estão envolvidos em processos de desenvolvimento. Já no Brasil, esse número é de apenas 11%.
Por fim, Marcos Túlio foi categórico em dizer que não existe desenvolvimento sem conhecimento e chamou a atenção para que as idéias e iniciativas que surgiram a partir da Rodada Araripe não fiquem apenas nas cabeças dos idealizadores e participantes, que sejam discutidas com a sociedade para que ela possa se envolver com os projetos indo também em busca de investimentos. Mais uma vez, elogiando a iniciativa, Marcos Túlio disse sentir grande satisfação em alocar parte dos recursos necessários para a realização do evento se comprometendo a investir em outras iniciativas que tenham como objetivo o desenvolvimento, lembrando que, “Estamos num País de grande potencial, com perspectivas de, em 10 anos, ocupar a posição de 5ª maior economia mundial. Isso, se fizermos direito o que temos que fazer e se começarmos a planejar o que precisa ser feito desde já para conquistarmos um futuro que se avizinha muito bom para todos nós e para toda a sociedade brasileira”, concluiu.
Os presidentes do Crea-PE e do Clube de Engenharia, José Mário Cavalcanti e Alexandre Santos, respectivamente, assim como os demais representantes de entidades de classe e demais setores nas suas palavras, foram unânimes, em falar da satisfação de poder contar com a presença do presidente do Confea na cerimônia de encerramento do evento.
Ao final das considerações, o presidente do Clube de Engenharia, Alexandre Santos, fez a leitura da Carta do Araripe. O documento elenca ações que deverão ser implementadas por entidades de classe, órgãos públicos e a sociedade num esforço conjunto para a realização de todas as propostas concebidas a partir da Rodada.
O evento foi uma iniciativa do Clube de Engenharia de Pernambuco (CEP) com o apoio do Crea-PE, da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica (APCA), da Associação dos Geólogos de Pernambuco(AGP), do Centro de Estudos do Nordeste (Cenor) e da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Araripe (Assengea) e, patrocínio do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae).
Visita técnica – Apesar de estar formalmente encerrada a sua participação na Rodada do Araripe, o presidente Marcos Túlio fez questão de permanecer no município para, na manhã do domingo (13), participar de visitas técnicas aos trechos das obras da Ferrovia Transnordestina e a uma mina de exploração de gipsita. Durante as visitas, Marcos Túlio esteve acompanhado do presidente do Crea-PE, José Mário Cavalcanti, e do inspetor Evandro Alencar.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE