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Presidente do Crea-PE fala sobre escassez de mão de obra na abertura do Simgeo

Cerca de 400 profissionais, pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação de Engenharia Cartográfica reuniram-se, no domingo (06), no Recife, na abertura do IV Simgeo – Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação: geotecnologia para o planejamento e a gestão eficiente do território, promovido pelo Departamento de Engenharia Cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), juntamente como Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. A palestra de abertura foi proferida pelo presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco, José Mário Cavalcanti, que levantou uma reflexão sobre escassez da mão de obra dos profissionais das áreas tecnológicas frente ao crescimento da economia brasileira e do volume de obras estruturadoras em andamento no País.

 

“Vivemos um momento auspicioso na economia brasileira, nos últimos 15 anos, quando o governo decidiu pela economia real, acreditando em investimentos na infraestrutura e no mercado interno brasileiro. Essa foi a saída encontrada para o País deixar de ter uma economia desacreditada. É importante ressaltar que as grandes obras dependem muito das informações e estudos realizados pelos engenheiros, incluisive os cartógrafos. Por esse motivo, hoje o mercado encontra-se aquecido para todas as engenharias e devemos aproveitar a oportunidade”, disse o presidente.

 

No entanto, para que haja um “apagão” de profissionais das áreas tecnológica, o presidente do Crea-PE ressalta que são necessárias investimentos de curto e longo prazo. “É necessário que haja um aumento salarial para esses profissionais. Como no passado não havia mercado de trabalho para os engenheiros devido à economia de mercado adotada, muitos engenheiros deixaram de atuar dentro de suas áreas e foram trabalhar, principalmente, no mercado financeiro. Para tornar-se atrativo, os salários devem ser compatíveis com a realidade e importância das funções exercidas”, defendeu José Mário Cavalcanti, baseando-se em dados do crescimento econômico fornecidos pela Edição Especial do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Radar nº12.

 

Outras ações de curto prazo destacadas pelo estudo foram: mobilidade especial, a retenção dos profissionais que estão próximos de se aposentar e o retorno daqueles que já se aposentaram, pois reduz o problema da falta de experiência, a capacitação e treinamento de profissionais. Quanto à flexibilização de visto de trabalho, o presidente vê com certo cuidado. “O Sistema Confea/CREA se posiciona com cautela em relação aos vistos para profissionais estrangeiros. Temos que ser cuidadosos para não prejudicar a garantia de mercado de trabalho para os engenheiros brasileiros”, destacou.          

 

Para solução de longo prazo, foram citadas a ampliação do número de vagas nas universidades e faculdades públicas, além de criação de uma política de atração e retenção de alunos, evitando assim a evasão escolar. O presidente José Mário também destacou a real necessidade de aprimoramento na formação nas áreas em que engenheiros concorrem com outros profissionais. Outro destaque foi a defesa de uma melhoria no ensino básico, principalmente, nas matérias de Física e Matemática, para que os jovens tenham condições e o interesse pelas engenharias.

 

Para se ter noção do baixo número de formação de profissionais, o presidente José Mário comparou o Brasil com outros países em desenvolvimento. A China forma por ano 400 mil profissionais, enquanto que a Índia forma 250 mil, a Rússia 120 mil e o Brasil formou, em 2010, 47 mil pessoas. Para cada seis mil brasileiros, há um engenheiro. Enquanto isso, na Coréia do Sul, para cada 625 habitantes forma-se um engenheiro.

O número de formandos vai na contramão dos investimentos vultosos do Governo Federal nas áreas de infraestrutura. De acordo com dados da Casa Civil, nos anos de 2011 a 2014, serão investidos dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), aproximadamente, R$ 960 bilhões, divididos entre seis eixos: Cidade Melhor; Comunidade Cidadã; Minha Casa, Minha Vida; Água e Luz para Todos, Transporte e Energia.     

O presidente José Mário fez uma alerta, com base nas conclusões do IPEA. “Com o crescimento econômico no ritmo acelerado, a exemplo de 2000 a 2010, os setores mais aquecidos podem enfrentar problemas, as empresas provavelmente enfrentarão mais custos de treinamento e retenção e possível déficit de experiência e qualidade da mão de obra”, concluiu.

Além do presidente do Crea-PE, estiveram presentes o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, o chefe do Departamento de Engenharia Cartográfica, Ernest Gurgel Sobrinho, a professora e coordenadora do evento Andrea Carneiro, a coordenadora de pós-graduação Ana Lúcia Candeias, o presidente da Associação Cartográfica Internacional, Dr. Georg Gartner, o vice-presidente da Associação Brasileira de Cartográfica, Paulo Márcio Menezes, o general de Brigada do Exército Ronalt Vieira, o Tenente Coronel Aviador Antônio Santoro.

Exposição

Após a apresentação da palestra, o presidente visitou a exposição em homenagem ao professor Antônio Barreto Coutinho Neto, pioneiro da Escola de Engenharia de Pernambuco e um dos fundadores do curso de Engenharia Cartográfica da UFPE.

 

 

 

 

 

 

 

 

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