“Acesso ao abastecimento de água nas comunidades rurais no Ceará – O Caso Sisar como Inovação”, foi o tema da palestra em que o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), participou como debatedor, realizada na tarde da quarta-feira (16), na 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea). A discussão contou com a participação das palestrantes Anna Virgínia Machado, da Universidade Federal Fluminense e membro do Colégio de Entidades, da Gerente de Saneamento Rural da Companhia de Agua e Esgoto do Ceará, Otaciana Alves e da representante da Secretaria das Cidades, Daniela Araújo. O representante da Abeag-CDEN, Valmor Pietsch, foi moderador.
Primeira a falar, Anna Virginia fez uma apresentação mostrando as estatísticas que apontam um déficit na oferta hídrica e de esgotamento sanitário em todo o Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com a palestrante, estudos mostram que a questão de gênero agrava ainda mais a falta de acesso a esses serviços essenciais. “Ao contrario do que deveria ser, nos locais onde não há oferta, quem carrega a água para abastecer as residências são as mulheres. São elas também, que enfrentam mais dificuldades de higienização e utilização de locais apropriados às necessidades fisiológicas”, disse.
Em seguida, Otaciana Alves fez um detalhado diagnóstico do Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar) do Ceará, que nasceu em 1996 como uma alternativa de gestão para garantir a continuidade e a qualidade dos sistemas de abastecimento de água em localidades rurais do Estado do Ceará.
Otaciana explicou que, diferentemente de outras iniciativas que foram implantadas, o sucesso do Sisar se deve ao gerenciamento compartilhado com as comunidades e ao acompanhamento técnico que garante a manutenção dos equipamentos e a prestação dos serviços propostos pela iniciativa.
O Sisar é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, formada pelas associações das comunidades atendidas com saneamento rural, através de projetos como o São José, o Banco KFW, Alvorada e outros. O primeiro Sisar surgiu no município de Sobral e, atualmente, o Estado do Ceará conta com oito unidades do Programa, distribuídas entre as onze bacias hidrográficas do Estado.
Já a representante da Secretaria das Cidades, Daniela Araújo, falou sobre as ações que o Estado tem desenvolvido para garantir a ampliação das obras de saneamento básico na zona rural. Para tanto, a palestrante falou sobre os investimentos que estão sendo aplicados pelo governo do estado do Ceará e os aportes financeiros que estão sendo repassados pelo banco alemão KfW. Segundo Daniela, para o Programa Saneamento Ceará II, foram gastos 16 milhões de euros, em obras que atenderam uma população de mais de 40 mil pessoas. No Ceará III, o valor é de 3,3 milhões de euros e 1,5 beneficiados. Já para o Ceará IV, que está em fase de planejamento, a expectativa é de investimentos na ordem de 70 milhões de euros, sendo 20 mil euros o valor da contrapartida do Estado. Com estes investimentos, espera-se atender, até 2022, 60 mil pessoas.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE