O vice-presidente do Crea-PE, engenheiro civil Arnaldo Cardim, participou, na tarde da quinta-feira (14), na 71ª Soea, que acontece até a sexta-feira (15), em Teresina (PI), da segunda parte do 9° Fórum Jovem Nacional dos Creas Juniores, sobre Perfis das Áreas de Engenharia. Juntamente com o presidente do Crea-AM, Telamon Firmino Neto, e com o conselheiro federal por Pernambuco, Leonides Alves, Cardim discutiu a escolha dos profissionais da área tecnológica pela carreira acadêmica. A mesma questão, só que para aqueles que escolhem a carreira pública, foi o assunto discutido por Telamon Firmino Neto. Já Leonides Alves falou sobre as experiências do profissional do Sistema que opta pelo empreendedorismo.
Antes de iniciar a sua palestra, o engenheiro Arnaldo Cardim falou sobre a satisfação em atender ao convite para conversar com jovens que pretendem se formar e entrar no mercado de trabalho. Há quase 33 anos se dedicando à carreira de professor, Cardim confessou que, se no início a carreira não se deu por competência, a identificação com a profissão o fez investir cada vez mais o que o permitiu ingressar na carreira de professor da Universidade de Pernambuco (UPE), não apenas por oportunidade como nos primeiros anos, mas, por dedicação e comprovada competência. “Percebemos o preconceito na cara das pessoas que nos perguntam o que fazemos. Quando dizemos que somos professores, poucos conseguem esconder o ar de crítica. É como se pensassem: estudar tanto pra ser professor. O que não se sabe ou não se pensa é que quando o profissional opta por se dedicar a vida acadêmica também está auxiliando o desenvolvimento tecnológico. De acordo com a lei, uma das atribuições da Engenharia e da Agronomia é o ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, além, é claro, da extensão. Ou seja, temos a grande responsabilidade de formar novos profissionais e contribuir ativamente para a área tecnológica do País. Quem escolhe ser pesquisador, mestre ou doutor é um multiplicador do conhecimento”, explica Cardim.
O vice-presidente também chamou a atenção dos jovens para o fato de que a escolha pela carreira acadêmica não é tarefa fácil já que, segundo disse, quem está na academia tem que se preparar muito para repassar os fundamentos científicos. Segundo Cardim, ter conhecimento dos fenômenos é imprescindível já que são os conhecimentos científicos que darão base para a formação de novos profissionais. Cardim ainda falou sobre o mestrado e doutorado que fez na Espanha e defendeu que o profissional tem que estar em constante busca pela atualização de conhecimentos, seja qual for a carreira que escolher seguir. “Há alunos que buscam informações a todo tempo. Estamos formando profissionais no século XXI. Educação à distancia já existe no modelo da educação tradicional só que de forma desorganizada. No processo de formação, quem esta por trás são profissionais da Engenharia que estão usando seus conhecimentos para ajudar aqueles que buscam a carreira tecnológica. É tarefa de quem desenvolve inovação, seguir os pilares da Engenharia que são: pensar e tomar decisões fundamentadas”, defendeu Arnaldo Cardim, dizendo ainda que oportunidade e a motivação são dois amigos importantes que, em se tendo, ajudam a diminuir a dúvida já que eles possibilitam construir novos caminhos. O vice-presidente concluiu a sua participação se dizendo frustrado pela falta de representação do Crea-PE no Fórum dos Creas Juniores. “Mas temos certeza de que na próxima Soea teremos representantes pernambucanos no grupo”, prometeu.
Quando expôs suas ideias e experiências, o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM), engenheiro Telamon Firmino Neto, disse que a tônica do processo num País crescente e pungente como o Brasil é o empreendedorismo. “Sem dúvida necessitamos de empreendedores. No entanto, a escolha da profissão é um processo natural. Sou um pouco de cada coisa. Sou do Amazonas, tenho problemas e dificuldades como todos vocês. A carreira publica foi determinada e definida pelo meu perfil. Conhecer o perfil de vocês, é fundamental para definir as careiras que vão atuar. Olhar para dentro de vocês com muita honestidade com vocês mesmos para, a partir dai ter um perfil profissional definido. Eu não tenho perfil público, sou muito centralizador das ações. Fui professor, sou pós-graduado e mestre, achei que estaria na academia para o resto da minha vida. Depois de professor segui a carreira de empreendedor, montei uma microempresa de avaliações de imóveis e fiz trabalhos para a Caixa, Justiça Federal, estadual e municipal”, contou o engenheiro, confessando que “a ideia é colocar em vocês a dúvida para reflexão. Descobrir o perfil de vocês é imprescindível para que possam fazer parte dos 50 por cento dos profissionais formais, por que os outros 50 ou estão fora do mercado, ou trabalham informalmente. Para tanto, não basta nos graduarmos para sermos empreendedores, precisamos nos capacitar e nos atualizar sempre”, aconselhou Telamos.
Pragmático, o engenheiro Leonides Alves disse ainda estar se acostumando à função de dar palestras e participar de debates, atividades que nunca fizeram parte da sua rotina. Neste fórum, estou no meio da cadeia produtiva. Aqui está quem forma (professor), quem vende (empreendedor) e quem compra (empresa pública). “Sempre fui empreendedor e busquei aliar atividades sociais. Em minha opinião, ou você nasce com o empreendedorismo ou você se forma empreendedor. Para tanto, é necessário se permitir e gostar de correr riscos com responsabilidade”, disse Leonides Alves.
Para explicar melhor o que queria dizer, Leonides exemplificou: “Nos meus empreendimentos me posiciono com muita clareza. Sei exatamente aonde eu quero ir. Algumas características do empreendedor você pode aprender, mas outras têm que estar dentro de você. Ser empreendedor exige que você esteja atento ao mercado. Sou inquieto. Como empresário estou em 2020 e não em 2014. Já escrevi todos os riscos que posso ter nos próximos cinco anos e as saídas que terei para cada um que aconteça. O empreendedor contrata a tecnologia, deixa de ser o técnico e junta várias pessoas para conseguir ser um bom administrador, advogado e estrategista. Para isso, por exemplo, já estudei direito civil, constitucional e tributário”, ensinou Leonides, concluindo sua participação com a seguinte afirmação, “O Empreendedor crer pra ver e quem não é empreendedor, ver pra crer”.
Após as considerações dos três convidados no 9° Fórum Nacional dos Creas Juniores foi aberto o espaço para estudantes fazerem perguntas aos palestrantes.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE, de Teresina (PI)