Um dos temas debatidos no terceiro dia de programação do 1º Seminário Pan-americano Pensar as Américas – Integração, Solidariedade e Desenvolvimento, a Produção de Alimentos para Erradicação da Fome em Todo o Continente Pan-americano, teve como palestrante o engenheiro de Pesca e professor Doutor em Oceanografia Biológica, Vanildo Souza de Oliveira. Sobre a pesca e o cultivo de peixes e crustáceos como fonte de alimento o palestrante disse que, no caso da tilápia, por exemplo, já não se faz o cultivo com o objetivo único de exportar o produto, mas, sobretudo como geração de proteínas para a população.
Quanto à atividade da carcinicultura o especialista avalia como de grande viabilidade econômica, no entanto problemática do ponto de vista da preservação ambiental. De acordo com explicação do palestrante, o cultivo de camarões é feito em tanques que quando construídos causam enorme impacto ambiental. “A produção de camarão é bastante rentável, mas muitas vezes inviável por causa dos efeitos negativos ao meio ambiente. De 2002 a 2006, tivemos um crescimento de três mil por cento na produção de camarão, que alcançava aproximadamente 35 mil toneladas ano. Hoje, com a problemática ambiental e com o elevado índice de doenças que atingem às culturas, a produção diminuiu e o consumo maior passou a ser interno, antes exportávamos mais”, explicou.
Vanildo Souza disse ainda, que no Brasil já existem culturas em rios e lagos e agora surge como nova alternativa a piscicultura marinha, para a qual necessitamos da colaboração de profissionais de todas as Engenharias, civil, de pesca, de produção, mecânica já que a atividade exige aplicação de tecnologia de ponta. Ele disse ainda, que essa tecnologia poderá ser importada do maior produtor de salmão do mundo, que é a Noruega ou do Chile que vem logo após. De importador, o Chile passou a ser o maior produtor da América Latina do pescado que alcança uma produção da ordem de dois milhões e 700 mil toneladas.
No Recife, está em operação a primeira fazenda de maricultura do Estado, com uma estrutura de 48 gaiolas onde está sendo cultivada a espécie nativa do peixe beijupirá. De acordo com dados do palestrante, o crescimento do peixe é excepcional e se dá em curto espaço de tempo, o que propicia uma grande produção da espécie. Além disso, a espécie está presente em todo o Atlântico. Outra vantagem da cultura é a garantia da sustentabilidade ambiental muito maior, se comparada a culturas de café ou arroz, por exemplo.
Como a expectativa é de que em 2045 haja um consumo de 100 milhões de toneladas de pescado na América Latina, Vanildo chama a atenção para a necessidade de capacitar pessoas para trabalhar com as novas tecnologias que atividade passará a exigir.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE