O sistema é capaz de identificar vazamentos provocados por fissuras nos tanques. Ao perceber o problema, o dispositivo emite um sinal para o celular ou e-mail do dono do posto.
“Geralmente, os proprietários só percebem vazamentos de grandes proporções. O projeto que desenvolvi alerta logo nas primeiras gotas e aponta o local exato da fissura”, explicou o professor. ”A agilidade no diagnóstico é importante porque a gasolina se infiltra no solo até encontrar o lençol freático”, acrescentou.
No poço artesiano, é instalado um sensor que identifica elementos químicos da gasolina na água. Atualmente, o controle é feito apenas com a análise do líquido, seguindo normas da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH).
Em 2009, um levantamento realizado pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep) em poços artesianos do Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes apontou que 80% estavam contaminados por gasolina. No Recife, os bairros em situação mais crítica eram Boa Viagem, na Zona Sul, e Afogados, Zona Oeste.
A gasolina possui elementos químicos altamente tóxicos para o ser humano, como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, que podem provocar leucemia e danos ao sistema nervoso. Em Pernambuco, existem cerca de 1,2 mil postos de combustível, sendo 238 deles na capital. Os dados são do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE).
O trabalho do professor pernambucano concorreu com 346 outros inscritos de 58 instituições de ensino e pesquisa do País. Os resultados já começam a aparecer. De acordo com Elson Miranda, uma empresa norte-americana está interessada em adquirir o sistema. Nos Estados Unidos, onde a fiscalização dos postos é mais rígida, um sistema semelhante custa US$ 30 mil dólares, ou cerca de R$ 47 mil. O projeto pernambucano tem custo estimado a partir de R$ 500, dependendo do tamanho da área monitorada.
“Também recebemos uma proposta da USP (Universidade de São Paulo) para desenvolver um sistema que identifique contaminação na água por afluentes industriais. A Petrobras manifestou interesse em desenvolver projetos de robótica para sensores”, acrescentou o professor.
Fonte: Jornal do Commercio, dia 17 de junho de 2011