Após viagem ao Rio de Janeiro, o presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio, apontou a descoordenação como um dos problemas no enfrentamento das enchentes que tem ocorrido no sudeste brasileiro e que já causou mais de 700 mortes. Destacou que a coordenação dos trabalhos é feita pela Defesa Civil, mas o tamanho do problema é tão grande que várias pessoas começaram a tomar iniciativa e não se tem estabelecida a forma pela qual cada profissional pode ajudar. “O problema hoje é que muitas pessoas estão se colocando à disposição, mas não sabem o que tem de ser feito. É necessário objetivar qual é a participação dos profissionais nesse momento, de que forma eles podem ajudar”, ressaltou.
Nesse sentido, Marcos Túlio lembrou o trabalho desenvolvido pelo Crea-PE, apoiado pelo Confea, frente às chuvas ocorridas em junho de 2010 na região. “Uma das ações realizadas para poder aproveitar o conhecimento dos profissionais no Crea-PE foi visitar os locais, verificar as áreas de risco e ver quais as pessoas que precisavam sair ou as que poderiam permanecer em determinados lugares”, destaca.
Conforme afirma o presidente do Crea-PE, José Mário de Araújo Cavalcanti, guardando as devidas proporções, o que aconteceu em Pernambuco e Alagoas no ano passado foi bem menor do que está acontecendo esse ano na região sudeste. “Lá, tivemos apenas inundação. No Rio de Janeiro temos diversos tipos de ocorrência: inundação, desmoronamento e soterramento”, ressalta.
Uma experiência bem-sucedida
Em Pernambuco, os 50 profissionais que se voluntariaram ao Crea emitiram cerca de 500 laudos técnicos de avaliação de danos e riscos de desmoronamento. Conforme explica José Mário, estes foram feitos manualmente. Mas, em seguida, o Crea, junto ao governo do estado, sugeriu que o trabalho fosse automatizado. A nova metodologia gerou, então, um banco de dados de cerca de 27.500 imóveis públicos e privados danificados pelas chuvas, em toda a mata sul do estado.
Ele explica que um desastre natural se divide em três etapas: resgate e salvamento; logística, saúde, habitação e distribuição de alimentos distribuição de alimentos; e; recuperação dos danos e reconstrução. “Em Pernambuco, nós entramos muito na parte de logística, de imóveis para abrigar as pessoas, imóveis provisórios e recuperação dos danos e reconstrução”.
Tendo em vista o êxito no trabalho desenvolvido, José Mário propôs a criação de uma Rede Nacional de Segurança e Tecnologia para Enfrentamento de Desastres, utilizando a estrutura do Sistema Confea/Crea. O objetivo é oferecer ao Conselho Nacional de Defesa Civil e ao Poder Público condições técnicas objetivas para um modelo de prevenção, planejamento, gestão e execução das ações de defesa, resgate, mitigação e reconstrução das áreas atingidas, objetivando a redução significativa das perdas materiais e humanas das populações atingidas.
Segundo José Mário, a Rede deve ser ‘antenada’ com os sistemas de prevenção meteorológicos para que, caso haja necessidade de convocação, um grupo específico esteja preparado para mobilizar-se em tempo hábil para atender à demanda. “Não há nesse processo instituição que reúna condições objetivas para formar um grupo para atuar nesses casos como o próprio Sistema Confea/Crea, que possui profissionais com conhecimento, domínio da tecnologia, além de permeabilidade necessárias ”, destaca.
Sessão Plenária
As inundações na região sudeste e as providências a serem tomadas pelo Sistema Confea/Crea deverão ser pauta da próxima sessão plenária do Confea, que é transmitida ao vivo pelo site www.confea.org.br e tem início no dia 26/01 (quarta-feira), às 14h.
* Por Tânia Carolina Machado
Assessoria de Comunicação do Confea