Em uma iniciativa pioneira, o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Pina, está liderando uma pesquisa cientifica sobre o peso dos veículos denominados BRT (Bus Rapid Transit). Na manhã do sábado (19), junto com alunos das turmas da disciplina de Estrada I e II, das duas universidades, o professor fez a pesagem dos veículos vazios e com passageiros. A pesagem foi realizada na garagem da empresa Itamaracá, em Abreu e Lima.
O professor explicou a diferença entre pesos dos ônibus tradicionais e dos BRT. “Enquanto o ônibus tradicional pesa 10 toneladas no total, o BRT pesa 21 toneladas. Isso os dois estando vazios. Com passageiros, esse número sobe, pelo menos, mais 13 toneladas. Com isso, é preciso pensar no pavimento das vias, que recebe toda essa carga”, explica Pina. Segundo o professor, o BRT já está em uso em 168 cidades, de 39 países dos cinco continentes, mas ainda não há um estudo sobre o impacto dos veículos na pavimentação.
Para a pesquisa, a pesagem foi realizada em dois tipos de BRT. O primeiro com o motor na parte traseira e o segundo com o motor na parte central. Isso para verificar o peso de cada eixo do veículo. “Aqui no Brasil, nós temos a Lei da Balança, que determina a carga máxima permitida em cada eixo de veículo. Em alguns casos, podemos perceber que o peso de alguns eixos fica maior do que o permitido, trazendo prejuízos para a pavimentação da cidade”, explica.
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), através das Resoluções nº 12/98, 184/05 e nº 62/98, regulamentou os artigos 99 e 100 do Código de Trânsito Brasileiro, nos quais constam os limites para dimensões, peso bruto total e peso por eixo, que devem ser observados para todos os veículos de carga que circulam nas vias terrestres. Nos eixos dianteiros, classificado como isolado, o limite permitido é de 6,0 toneladas. Já nos eixos central e traseiro, o máximo de peso permitido é de 10,0 toneladas.
Para o professor o que falta no sistema viário é uma visão holística. “É preciso pensar o sistema como um todo. Não apenas com uma solução prática. O BRT é o trem sobre pneus. Não temos dúvida do quanto a sociedade ganha com eles, mas também é preciso pensar e estruturar os pavimentos. A população passou muito tempo esperando a finalização das obras dos BRTs e é complicado pensar em pavimentos danificados em pouco tempo”, explica.
Após a pesagem, o próximo passo da pesquisa será a medição da deformação elástica na estrutura de pavimentação. Para isso, o professor explicou que irá utilizar a ferramenta Falling Weight Deflectometer (FWD). O FWD produz uma carga de impulso dinâmico a qual simula a carga de uma roda em movimento em substituição a uma carga estática, semi-estática ou vibratória.
Rui Gonçalves
ASC do Crea-PE