Evento acontece no dia 14 de agosto, a partir das 11h, no Pavilhão Maker, da Universidade Católica de Pernambuco (Casarão), na Rua do Príncipe
Você sabia que a BR-232 é uma rodovia inteiramente pernambucana? Não existe BR-232 em nenhum outro estado do Brasil, a não ser em Pernambuco. Curiosidades como esta, muita informação, história e engenharia pura estão no livro “BR-232, um caminho de Engenharia e História”, uma obra do engenheiro civil e professor Maurício Pina. A publicação será lançada no dia 14 de agosto e reúne pouco mais de 20 anos de pesquisa.
O projeto começou em 2002. “Foi um trabalho de pesquisa muito grande”, observou Pina, que tinha boa parte do material literalmente dentro de casa, com o acervo garimpado e guardado pelo pai, Renato Telles Moreira, que participou dos primórdios do Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE). Ele deixou uma série de publicações e fotos da época da construção da 232 e outras rodovias. Outro local de pesquisa importante foi o Arquivo Público do Estado.
Pina conta que a rodovia era conhecida como Estrada Tronco Central ou Estrada Transversal de Pernambuco e com um traçado um pouco diferente do que é hoje. Saía do Marco Zero, ia para Afogados, Rua de São Miguel, Avenida Dr. José Rufino, Tejipió, Jaboatão e Moreno. Só na década de 1960 o traçado foi alterado, passando a ser o que é hoje, pelo Curado.
O livro traz informações como o fato do primeiro trecho em pavimento de concreto no Norte e Nordeste do País ter sido construído entre Tejipió e Jaboatão, na década de 1930. A partir da década de 1950, o Governo de Agamenon Magalhães decidiu pavimentar as principais rodovias do Estado, entre as quais o trecho entre Moreno e Caruaru. “De Moreno em diante não tinha nada pavimentado”, explicou o autor da obra.
Naquela época, segundo o professor, chegar a Caruaru era uma aventura. ”Levava quatro, cinco horas, quando não estava na época chuvosa, que não tinha condições nem de circular e chegar até Caruaru”, informou Pina, destacando que mesmo com a morte de Agamenon Magalhães antes de concluir a pavimentação da então BR-25, seus sucessores deram continuidade ao projeto.
Para tirar a obra do papel, Agamenon criou quatro tributos para custear o projeto. Três foram cobrados, incluindo o primeiro pedágio do Estado, documentado no livro com a foto da praça de pedágio, que funcionou de 1953 a 1961 entre Tapera (atual Bonança) e Vitória de Santo Antão. Agamenon instituiu um adicional de 0,4% sobre o Imposto de Vendas e Consignações – IVC (atual ICMS), a taxa de pedágio, além de uma taxa de licenciamento dos veículos, o que hoje corresponde ao IPVA. Também lançou uma contribuição de melhoria, que nunca chegou a ser cobrada.
Em 1958, seis anos após a morte de Agamenon Magalhães, todo o trecho, do Recife a Caruaru, estava pavimentado. Mas apenas na década de 1970, foi concluída a pavimentação da BR-232 até Parnamirim, no Sertão, perfazendo um total de 555 quilômetros.
Maurício Pina explicou que está sendo concluído o alargamento da rodovia, no trecho do quilômetro 4,8, no Curado, até o quilômetro 11,5, que é na interseção com a BR-408. “Tudo isso está contado em detalhes no livro, com informações muito interessantes”, assegurou o engenheiro civil, afirmando que além da história e da importância econômica para o Estado, a BR-232 é uma obra de vanguarda, com aplicação de alguns processos tecnológicos nunca antes usados na engenharia construtiva.
A obra do livro do professor Mauricio Pina é um projeto patrocinado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) num movimento de preservar a história de Pernambuco, mas, principalmente, assegurar a transmissão de conhecimento da engenharia para os futuros profissionais. O Conselho pernambucano traz na sua pauta de prioridades a duplicação da rodovia até o trecho no município de Salgueiro. “É uma luta que deve unir todos os pernambucanos, alicerçada na engenharia moderna e de excelência. Uma razão a mais para o Crea realizar esta publicação”, explicou o presidente do Crea-PE, Adriano Lucena.
O lançamento do livro acontece a partir das 11h, no Pavilhão Maker, da Unicap (Casarão), em Santo Amaro. O evento é um convite para conhecer as práticas da boa engenharia e o quanto isso impacta na vida dos profissionais, na economia do Estado e no bem-estar da sociedade.
